Resultados eleitorais
Confiança e determinação


As organizações do Partido prosseguem a análise, a nível concelhio e distrital, dos resultados obtidos pela CDU nas eleições legislativas de 10 de Outubro.
Confirmando a apreciação positiva feita pelo Comité Central, as organizações fazem, contudo, a sua própria avaliação ao trabalho desenvolvido e a desenvolver e saúdam todos os que com o seu empenhamento, confiança e combatividade, ou apenas com o seu voto, deram ao PCP e à CDU melhores condições para se reforçarem e defenderem os interesses dos trabalhadores, das camadas mais desfavorecidas, dos portugueses em geral.

A Direcção da Organização Regional de Braga considera como muito positivos os resultados eleitorais da CDU que, no distrito, se confirma como a única das quatro principais forças que regista uma subida de número de votos e percentagem, crescendo em quase todos os concelhos (à excepção de Terras do Bouro, onde perde 4 votos). Isto, enquanto o CDS/PP perde votos em todos os 14 concelhos, o PSD só evita a queda no concelho de Vila Verde e o PS baixa a sua votação em importantes concelhos como Braga, Guimarães e Vila Noa de Famalicão.
A eleição de um deputado da CDU por Braga é, entretanto, um dos factos mais relevantes destas eleições, já que, a partir de agora, a classe operária do Vale do Ave, os trabalhadores em geral, os jovens e os estudantes, os reformados, os camponeses e pequenos empresários passam a ter na Assembleia da República uma voz portadora dos seus problemas e aspirações, de intervenção e de permanente defesa dos seus interesses.

A Comissão Executiva da Direcção da Organização Regional de Aveiro do PCP também se congratula com a votação obtida pela CDU, que se traduziu no aumento do número de votos e da percentagem eleitoral em todos os concelhos do distrito.
A DORAV sublinha, entretanto, que o crescimento eleitoral da CDU no distrito, não se tendo traduzido pela eleição de um deputado, «confirmaram a clara identificação de toda a lista da CDU com a realidade e o povo do distrito».
O PS, apesar da escandalosa utilização de meios públicos ao serviço da sua campanha e da estratégia que prosseguiu de chantagem sobre o eleitorado, não obteve a maioria absoluta e baixou tal como o PSD as suas percentagens eleitorais na generalidade dos concelhos, falhando igualmente como os restantes partidos da direita os seus objectivos eleitorais.
Ao mesmo tempo, os comunistas vêem com preocupação o crescente aumento da taxa de abstenção que, fruto da política direita de sucessivos governos e da acentuada degradação das condições políticas e sociais do país, atingiu agora os 38% no distrito.

Em Viana do Castelo, a CDU cresceu igualmente, tanto em termos numéricos como percentuais, sendo dos quatro grandes partidos o que subiu em maior número de concelhos, apesar da não eleição de qualquer deputado.
Na sua análise, a Direcção da Organização Regional de Viana do Castelo do PCP considera, entretanto, que a eleição de um deputado da CDU pelo distrito podia ter «constituído uma real alteração na defesa dos interesses dos distrito e das suas gentes» mas não impede a acção do PCP.
Aliás, a DORVIC assume desde já o compromisso «de ter em funcionamento um gabinete de apoio aos eleitores – que será um espaço aberto aos cidadãos e estruturas que entendam colocar ao PCP os seus problemas e reivindicações para os fazer chegar ao Grupo Parlamentar do PCP».

Na Região Autónoma dos Açores, «os resultados eleitorais são a confirmação do declínio do PSD» e da impossibilidade deste partido voltar ao poder regional nos anos mais próximos.
O resultado da CDU, idêntico ao de 1995, confirma a CDU «como força política interveniente na Região» mas revela também a «urgente necessidade que há de fazer crescer, de forma coerente, o peso eleitoral situado à esquerda do PS», única forma de evitar que «o PS venha, no futuro, a obter todo o poder e a decidir sozinho sobre a vida regional».
A Direcção da Organização da Região Autónoma dos Açores considera ainda que o desafio que, neste momento, está lançado à CDU é o de «se revitalizar para crescer e assim poder contribuir de forma mais determinante para que as políticas regionais sejam mais democráticas, progressistas e de esquerda».

Os resultados da CDU no distrito de Castelo Branco tiveram, na opinião da Direcção Regional do PCP, uma «expressão significativa», com a subida do número absoluto de votos em 35,56 (a maior subida percentual da CDU no continente) e a subida de percentagem de 3,5 para 5,3.
O PS, apesar da demagogia e da utilização abusiva do aparelho do Estado ao serviço da sua campanha, perde 12,51% do eleitorado, reflectindo o descontentamento social provocado pela política de direito do seu Governo e uma perda de influência no distrito.
Quanto aos partidos de direita, o PSD perde 10,43% do seu eleitorado e o CDS/PP 22,06%, baixando em todos os concelhos do distrito.
Como conclusão da sua análise, a DORCB considera que estão abertas ao PCP e à CDU «novas potencialidades e perspectivas a um trabalho futuro mais intenso e qualificado».

O aumento da abstenção no distrito de Vila Real prova a condenação das políticas dos sucessivos governos e dos deputados eleitos pelo distrito em relação à Região de Trás-os-Montes e Alto Douro, sublinha a Direcção da Organização Distrital do PCP.
Os resultados obtidos pela CDU no distrito de Vila Real, são, entretanto, «extraordinariamente positivos» - já que a CDU teve um crescimento de cerca de 20%, aumentando em votos e percentagem a sua anterior votação – em contraste com os do PSD, do PS e do PP que sofrem uma significativa perda de votos.

Para a Comissão Concelhia de Setúbal, os resultados alcançados e a eleição de mais um deputado da CDU pelo distrito são o «reconhecimento do trabalho realizado no parlamento, nas autarquias e nos órgãos dos trabalhadores» mas também da «qualidade dos candidatos e das propostas apresentadas». Resultados tanto mais importantes quanto impediram a maioria absoluta do PS e foram conseguidos depois de uma campanha marcada negativamente «por procedimentos antidemocráticos e limitadores da liberdade de expressão da CDU».
Contudo, não obstante a desproporção de meios, no concelho de Setúbal a CDU aumentou percentualmente – subindo mesmo a votação em várias freguesias -. enquanto que o PS, o PSD e o PP perderam quer em votos (mais de 8 000), quer em percentagem, baixando a votação em todas as freguesias.

A Comissão Concelhia de Odivelas do PCP, por sua vez, congratula-se com os resultados obtidos pela CDU neste novo concelho – a única das quatro grandes forças políticas que percentualmente subiu a votação – e considera que eles permitem «augurar novas perspectivas para a defesa dos trabalhadores e das populações».
Por seu lado, o PCP em Odivelas vai continuar a corresponder à confiança que lhe foi demonstrada, «defendendo para o concelho uma política e acções que correspondam aos justos anseios dos seus cidadãos».

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Saudações ao PCP

Directamente dirigidas ao secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, chegaram saudações pelos resultados alcançados pela CDU, provenientes de
Lother Bisky, presidente do Partido do Socialismo Democrático (Alemanha); Pedro Pires, presidente do PAICV; Demetrios Christofias, secretário-geral do Akel (Chipre); Aleke Papariga, secretário-geral do Partido Comunista da Grécia; Fausto Bertinotti, secretário-geral do Partido da Refundação Comunista (Itália); Ismail Alaoui, secretário-geral do Partido do Progresso e do Socialismo (Marrocos) e Francis Wurtz, presidente do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica.

Dirigidas à direcção do PCP, foram ainda enviadas saudações do Partido Comunista do Brasil; do Partido do Trabalho da Coreia; do Partido Comunista de Espanha, do Bloco Nacionalista Galego; do Partido Comunista Francês; do Synapismos da Grécia; do Partido Socialista da Holanda; do Partido dos Comunistas Italianos; da Esquerda Jugoslava; do Partido Comunista da Federação Russa e da Embaixadora de Cuba em Portugal.


«Avante!» Nº 1351 - 21.Outubro.1999