Presidente do Montijo
com o patrão Valério


O Sindicatos dos Trabalhadores da Indústria Corticeira do Sul acusa a presidente da Câmara do Montijo, Amélia Antunes, de «arrogância» e de assumir a defesa do grupo José Valério. 

Tudo se passou na última sessão camarária, em que, pelos vistos, a autarca não gostou que aquele sindicato, por mão do seu coordenador, Luís Guerreiro, e vários trabalhadores da unidade do Montijo da referida corticeira tivessem distribuído aos vereadores e aos munícipes documentos comprovativos da situação real da fábrica.
Depois de um vereador da CDU se ter solidarizado imediatamente com a luta dos corticeiros, a presidente da autarquia, «com a sua conhecida prepotência», fez uma «intervenção arrogante», procurando «meter medo aos trabalhadores» da cortiça.
«Os trabalhadores podem ir por maus caminhos e ser prejudicados» e «um mau acordo pode ser um bom acordo» - eis algumas da pérolas proferidas pela autarca e que suscitaram a indignação dos trabalhadores. Num comunicado divulgado recentemente, o STICS/CGTP-IN repõe a verdade dos factos, já que o que «está em causa é o pagamento integral das respectivas indemnizações e dos salários em atraso».

Recordamos que José Valério, o patrão do grupo corticeiro, alegando escassez de encomendas, chamou os operários, em finais de Agosto, e propôs-lhes a desvinculação da empresa, a troco de apenas 50 por cento das indemnizações a que têm direito por lei, pagas em seis prestações mensais, das quais só garantia o pagamento da primeira.
O sindicato desmente a autarca, que, quando estava ao serviço do Sindicor/UGT, virou as costas aos trabalhadores da corticeira Infal e outras, ao mesmo tempo que a acusa de dar mostras de «hipocrisia e de desconhecimento total da realidade» ao equiparar o problema da Mundet ao do grupo corticeiro José Valério, o que constitui um «absurdo».


«Avante!» Nº 1351 - 21.Outubro.1999