Co-incineração de resíduos tóxicos
A polémica em torno da incineração de resíduos perigosos renasceu com a possibilidade de queima de alimentos de origem belga contaminados com dioxinas na fábrica da Secil, uma cimenteira situada em pleno Parque Natural da Arrábida, em Setúbal. Uma situação que já gerou protestos, por parte do Partido Ecologista «Os Verdes» e da Associação de Municípios do Distrito de Setúbal.
O Partido Ecologista «Os Verdes» organizou, quinta-feira passada, uma acção de protesto frente à Secil, com afixação de cartazes alusivos aos perigos da co-incineração.
O objectivo desta iniciativa foi sensibilizar as populações e as autoridades portuguesas «no sentido do apelo e da exigência clara de que não se cometa este atentado à saúde pública e ambiental», como afirmou Heloísa Apolónia, do grupo parlamentar, na conferência de imprensa realizada junto da
cimenteira.
Segundo a dirigente ecologista, está em causa a «possibilidade de transferência deste produto altamente cancerígeno para o ar que as pessoas respiram».
Em carta aberta enviada ao Primeiro Ministro, «Os Verdes» alertam para a perigosidade desta operação que «irá ocorrer numa unidade que não está nem licenciada, nem equipada para a queima de produtos com dioxinas cuja caracterização é, recorde-se, laboratorialmente impossível no nosso país».
Em torno desta caracterização surgiram, aliás, declarações contraditórias, com o director da cimenteira a garantir que a queima de alimentos contaminados só será efectuada quando a Secil receber as análises sobre a composição dos resíduos e as autoridades portuguesas a afirmar que não se poderão efectuar quaisquer análises conclusivas, dado o estado de degradação das seis toneladas de alimentos.
A Associação de Municípios do Distrito de Setúbal manifestou-se igualmente contra a queima e lembra que «as dioxinas fazem parte da lista de resíduos perigosos cuja destruição não está prevista no sistema nacional, sendo a legislação que regula a destruição destas substâncias extremamente rigorosa, obrigando os detentores à sua exportação para que sejam destruídos em unidades especialmente preparadas e autorizadas para o efeito».
O regime de co-incineração em Portugal encontra-se suspenso pela Assembleia da República desde Janeiro deste ano, na sequência do grande movimento de contestação do ano passado contra a possível co-incineração de resíduos tóxicos e perigosos nos fornos das cimenteiras de Setúbal, Alhandra, Souselas e
Maceira.
A Assembleia da república pôs entretanto mesmo em causa a própria co-incineração como sistema de eliminação de resíduos perigosos e mandou constituir uma comissão para estudar as alternativas.
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Lamego
Protestos contra aterro sanitário
Ao longo de quase uma semana, a população de Bigorne,
Lazarim, Mazes e Lalim, tem vindo a protestar contra a instalação de um aterro
sanitário em Bigorne, Lamego. Concentrados no local, os populares impediram
nestes dias a entrada das máquinas no terreno destinado ao aterro.
Na origem do protesto está a possibilidade de esta instalação poder vir a
afectar as linhas de água do rio Varosela, que abastece o vale com o mesmo
nome.
O conflito teve origem com uma queixa apresentada em tribunal pelos
proprietários de cinco parcelas de terreno, expropriadas sem indemnização,
entre as quais figura a Junta de Freguesia de Lazarim.
O Tribunal de Lamego deu razão aos queixosos e emitiu uma providência cautelar
impedindo a empresa concessionária de tomar posse dessas cinco parcelas de
terreno, sob pena de pesadas multas.
Os responsáveis pelo aterro sanitário - uma associação de dez municípios do
Vale do Douro Sul - anunciaram entretanto que dispensam as cinco parcelas de
terreno embargadas que, no entanto, constituem o único acesso das máquinas ao
local das obras.
Segunda-feira, três donos de terrenos destinados à instalação do aterro
interpuseram providência cautelar. No caso do tribunal de Lamego dar provimento
a esta providência cautelar, a construção do aterro pode ser inviabilizada,
pois estas três parcelas representam um hectare do total de 2,8 destinados à
instalação.
Para os donos dos terrenos o processo de expropriação por parte do Ministério
do Ambiente ainda não está completo, uma vez que não foram unificados nem
indemnizados.
Uma delegação do Partido Ecologista «Os Verdes» deslocou-se entretanto a
Lazarim para conhecer as razões do protesto popular à localização do aterro
sanitário da Associação de Municípios do Douro-Sul.
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CDU/Madeira defende
populações e ambiente
No leito da Ribeira da Janela (Porto Moniz) estão a ser
despejadas terras e entulhos provenientes de obras públicas adjudicadas pelo
Governo Regional, denuncia a CDU/Madeira, em nota de imprensa.
Uma situação que «envolve perigos e riscos ambientais, que se irão agravar
com a proximidade da época das chuvas», alerta ainda a CDU, pois «as terras
serão arrastadas em direcção ao mar, pondo em perigo as zonas baixas junto à
foz da ribeira e provocando danos ambientais graves na plataforma marítima».
A CDU/Madeira protesta, igualmente, contra a instalação de um paiol no Sítio
da Corrida - Jardim da Serra. Um protesto que parece ter incomodado
particularmente o PSD regional.
Em nome da segurança da população e do ambiente da freguesia de Jardim da
Serra (Câmara de Lobos), a CDU manifestou o seu total desacordo em relação ao
projecto de instalação de um paiol permanente e fixo, para fabrico e
armazenamento de produtos explosivos.
Face à gravidade da situação, a CDU propôs mesmo a realização de uma
sessão extraordinária da Assembleia de Câmara de Lobos, com carácter de
urgência.
Uma tomada de posição que os autarcas do PSD consideraram como «eleitoralista»
e como «campanha de desinformação».
Reafirmando o seu empenhamento em zelar pela segurança e direitos das
populações, a CDU/Madeira lembra, entretanto, as promessas não cumpridas
pelos sociais democratas em relação ao Jardim da Serra - a construção de um
campo de futebol, de um Centro de Saúde, de caminhos, de tanques de rega.
«Em substituição destas promessas», os autarcas do PSD «transformaram o
campo de futebol numa sucata, as zonas altas em vazadouros de aterros e, se a
população e as forças vivas da freguesia se distraírem, será licenciado um
paiol na zona», denuncia a CDU/Madeira.