Todos os gestos contam


O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza e o Dia Mundial da Alimentação quase coincidem no tempo. Uma coincidência que permite chamar a atenção para raízes comuns da pobreza e da fome, sem naturalmente nos cingirmos a raciocínios redutores nem ignorarmos as múltiplas dimensões destas diversas problemáticas.

Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Etatística (INE), a propósito do Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza, assinalado domingo passado, o dinheiro gasto em Portugal no combate à pobreza e exclusão social cresceu de forma exponencial desde 1995, para atingir, em 1997 (últimos dados disponíveis), quase 32 milhões de contos, cerca de 0,2 por cento do PIB. Um aumento que, em 97, se prende directamente à introdução do Rendimento Mínimo Garantido.

Entretanto, e como lembra o Partido Ecologista «Os Verdes» em comunicado A propósito do Dia Mundial da Alimentação, «em Portugal a pobreza e a exclusão têm aumentado nos últimos anos - segundo os estudos realizados por ONG´s nacionais, sendo as mulheres e as crianças os grupos mais vulneráveis. Portugal é, de acordo com as estatísticas da União Europeia, o país mais pobre dos quinze. São cerca de dois milhões de cidadãos afectados por esta problemática em Portugal. O número dos sem-abrigo não cessa de crescer».
E isto porquê? «Porque existem graves assimetrias na distribuição da riqueza em Portugal e porque cresce o fosso entre os cada vez mais ricos e os cada vez mais pobres...», sublinham «Os Verdes».
Esta mesma questão é abordada, em comunicado de imprensa, pela CDU/Madeira.
«Portugal faz parte dos países que assumiram os compromissos internacionais para a erradicação da pobreza absoluta. Foram definidas etapas bem concretas. Até 2006, as formas mais extremas de pobreza deverão ser ultrapassadas», lembra a coligação.
«É lamentável constatar a distância a que estamos, face a tal objectivo», comenta a CDU/Madeira que define, como perspectivas de acção, «a criação de uma corrente de opinião pública mais forte» e «o alargamento de um grande movimento de cidadãos, reivindicando uma coerente responsabilidade política face ao agravamento da pobreza e da exclusão social».

Falando de alimentação
«Os Verdes» propõem

A fome atinge quase 800 milhões de pessoas em todo o mundo e afecta especialmente as crianças, lembra o Partido Ecologista «Os Verdes» em nota sobre o Dia Mundial da Alimentação.
Um problema a que se somam outros, como os relacionados com a segurança alimentar e a perda de hábitos alimentares tradicionais que «para além de mais saudáveis representam igualmente traços distintivos de uma cultura».
Neste quadro, o Partido Ecologista considera que, no plano internacional, é urgente proceder a reformas no sistema económico-financeiro, alterar as políticas e orientações do FMI e do Banco Mundial, tornando-as mais activas e solidárias com as necessidades de desenvolvimento sustentável dos países ditos pobres ou em vias de desenvolvimento».
E defendem a consideração da dívida ecológica dos países ricos para com os países pobres e o correspondente perdão do serviço da dívida.
«É fundamental e prioritário o investimento na educação, na saúde, no saneamento básico e em políticas activas e solidárias na criação de emprego», também em Portugal, sublinham «Os Verdes».
«Todos os gestos contam em benefício do Planeta», conclui o comunicado do movimento ecologista.


«Avante!» Nº 1351 - 21.Outubro.1999