Bombas de cimento
sobre o Iraque


O Pentágono decidiu usar uma nova arma nos ataques ao Iraque: bombas de cimento. É o início de uma nova fase num processo iniciado à cerca de um ano.

Segundo o «New York Times», as bombas de cimento, com 1000 quilos de peso, podem ser teleguiadas por raios laser e alcançar com precisão os alvos definidos, evitando os impopulares «danos colaterais» provocados pelas bombas convencionais, que criam um «arco explosivo» impossível de controlar.
Nos últimos dez meses, os «danos colaterais» terão provocado pelo menos a morte de 187 pessoas, na sua maioria civis, e ferido cerca de 500. Números que o Pentágono considera «exagerados», mas que se tornam bastante plausíveis tendo em conta a intensidade e regularidade dos ataques que vêm sendo efectuados desde 15 de Dezembro do ano passado.
Importa ter presente que o Iraque é quase diariamente bombardeado pelos F-15 e F-16 norte-americanos e britânicos. Estas ofensivas, levadas a cabo à revelia de qualquer resolução da ONU mas contando com o seu silêncio cúmplice, destinam-se, oficialmente, a defender as zonas de exclusão aérea ao Norte e ao Sul do país impostas arbitrariamente após a Guerra do Golfo, alegadamente para proteger as minorias curdas. Na verdade, o objectivo é debilitar o regime de Sadam Hussein e provocar a sua queda, uma vez que os movimentos de oposição iraquianos se mostram incapazes de o fazer apesar das prestimosas ajudas que recebem dos EUA.
A própria «contabilidade» dos aliados comprova a persistência no objectivo fixado: até ao início desta semana foram efectuadas 27 000 operações da saída - 16 000 a partir das bases da Arábia Saudita e do Koweit, no Sul, e 11 000 a partir da base turca de Incirlik, no Norte, durante as quais foram lançadas 1650 bombas (um terço das quais sobre as províncias do Sul), que atingiram 385 objectivos.
Na peculiar perspectiva dos EUA, as bombas de cimento vão permitir melhorar a imagem dos aliados.


«Avante!» Nº 1351 - 21.Outubro.1999