Ainda os
resultados eleitorais
Prosseguir
o trabalho alargar a influência do PCP
Os resultados eleitorais e o seu significado político continuam a ser analisados pelas organizações do PCP, claramente decididas a aproveitar as condições abertas pelo reforço generalizado da votação da CDU, no sentido de dar novo impulso ao recrutamento de novos militantes, ao rejuvenescimento e criação de organismos que permitam aumentar a influência do PCP.
Na sua análise, a
Direcção da Organização Regional do Algarve considera
que os resultados obtidos pela CDU e pelos principais partidos
«apresentam sinais contraditórios». Se por um lado significam
«o desencanto e o descontentamento em relação à acção do
Governo» e simultaneamente reiteram que o PSD e o CDS não são
alternativa de governo ao PS, por outro lado, não levam a que a
CDU atinja um dos seus principais objectivos a eleição
de um deputado -, apesar de ter diminuído para metade o número
de votos necessários para o alcançar, de ter registado uma
subida percentual em relação às eleições de 1995 e de ter
recuperado o lugar de terceira força política.
Assim, «contraditória e circunstancialmente» a repartição de
eleitos resulta idêntica à de eleições anteriores e,
naturalmente, «no mesmo marasmo quanto ao tratamento dos
problemas do Algarve na Assembleia da República».
Quanto aos «votos de descontentamento» recolhidos pelo Bloco de
Esquerda, «não tiveram qualquer efeito prático no que estava
em jogo nestas eleições no Algarve» e os 2.700 votos do MRPP
«longe» de exprimir a sua influência, são sobretudo «votos
de engano» e para prejuízo da CDU que não necessitaria sequer
de todos eles para eleger o seu deputado.
Apesar de não ter eleito um deputado pelo Algarve, o PCP garante
que continuará a pautar a sua acção pela defesa dos interesses
da região e das suas gentes, cujos problemas serão levados à
Assembleia da República pelos deputados comunistas eleitos por
outras regiões.
Aveiro
A Direcção da
Organização Regional do Aveiro, por sua vez, congratula-se com
o facto de a CDU ser no distrito a força política que registou
a maior subida de votação - sobe 2.266 votos contra os 810 do
PP -, aumentando em todos os seus 19 concelhos, enquanto o PS e o
PSD perdem respectivamente 8.879 e 19.422 votos em relação a
1995.
O PS é agora o partido mais votado em Aveiro, apesar da perda de
votos, mas a eleição do seu 7.º deputado «decorre não de
qualquer progressão eleitoral mas apenas do facto de a sua queda
ser inferior à queda do PSD». Ou seja, uma vitória «com sabor
amargo» que, segundo ecos da comunicação social, já começou
a gerar quezílias no seio deste partido.
Os comunistas estão preocupados com o nível atingido pela
abstenção (38%), resultante da insatisfação e desencanto de
uma parte significativa do eleitorado, mas consideram que a
população do distrito está hoje mais esclarecida acerca do
papel do PCP na sociedade portuguesa, em prol de maior justiça
social. E, apesar de a CDU não ter conseguido eleger um deputado
por Aveiro, manifestam a sua intenção de dar seguimento às
propostas apresentadas ao eleitorado e aos compromissos
assumidos.
Alentejo
A necessidade de
prosseguir o trabalho para o reforço da expressão eleitoral da
CDU no Alentejo, é uma das conclusões tiradas pela Direcção
Regional do Alentejo do PCP da sua análise aos resultados
eleitorais.
Para já, a DRA considera indispensável travar o assalto do PS a
toda a administração e instituições regionais e
responsabiliza este partido pela continuação da
desertificação e envelhecimento da Região, devida
designadamente à sua incapacidade em promover o desenvolvimento
social e económico do Alentejo.
O PCP vai acompanhar com mais atenção as «rápidas e
significativas alterações na estrutura social e laboral» da
região e, reconhecendo que tem sido «uma voz firme e sincera»
em defesa do desenvolvimento do Alentejo e dos alentejanos,
promete intensificar a sua acção por uma mais justa
distribuição da riqueza criada.
Por fim, a DRA considera insuficientes as verbas anunciadas para
o Alentejo, referentes ao 3º Quadro Comunitário de Apoio que,
em sua opinião, não poderão ser inferiores a 15% do seu total,
ou seja, a 1.277 milhões de contos. (sem fundo de coesão).
Ponte de Sor
Também o Executivo
da Comissão Concelhia de Ponte de Sor do PCP reuniu para
discutir e analisar os resultados eleitorais da CDU que, no
concelho melhorou a sua votação.
De facto, a CDU obteve uma vitória eleitoral em três
freguesias, nomeadamente em Galveias onde passou de 3.ª para
1.ª força, registando ainda uma subida de votos em termos
absolutos e percentuais em cinco freguesias.
Por seu lado, o PS sofre uma perda eleitoral de 405 votos (menos
nove por cento), o PSD de 392 (menos 17 por cento) e o CDS/PP de
114 votos (menos 20 por cento).
Tendo em conta «as condições difíceis em que se desenvolveu a
campanha e «os meios de propaganda usados pelo Partido do
Governo», a Concelhia de Ponte de Sor que «a vitória da CDU é
um êxito assinalável». E, saudando os que com o seu voto para
ele contribuíram, garante que as suas expectativas não serão
«defraudadas».
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PCP
analisa resultados da emigração
A passagem pela primeira vez da CDU para terceira força política em expressão eleitoral na emigração constitui um dos factos relevantes a reter das eleições para a Assembleia da República nas comunidades portuguesas.
Numa análise aos
resultados, marcados pela «elevadísssima abstenção» e por
uma «expressiva subida do PS» em simultâneo com uma «profunda
queda eleitoral do PSD», a Direcção da Organização na
Emigração do PCP considera em comunicado divulgado
segunda-feira que esta significativa troca de posições não
pode ser dissociada da «negativa instrumentalização do
aparelho de Estado e da própria RTPi» levada a cabo pelo
partido no Governo junto das comunidades portuguesas.
Para aquele organismo do PCP, que reconhece que o resultado
obtido pela CDU «não é satisfatório» e é até
«contraditório com o resultado muito positivo conseguido a
nível nacional», importa agora «proceder a uma reflexão e
análise cuidadosa e rigorosa dos resultados eleitorais e das
suas causas».
Nesse sentido e com vista a contribuir para uma «mais eficaz
intervenção futura dos comunistas em defesa dos direitos e
aspirações das comunidades portuguesas», para além de outras
reuniões já agendadas em diversos países, está marcado para
os dias 11 e 12 de Dezembro um Encontro de Quadros do PCP nas
Comunidades Portuguesas na Europa.
É o resultado da primeira leitura da DOE do PCP sobre as
legislativas nos dois círculos eleitorais da emigração,
vertida em documento, que transcrevemos de seguida.
Demagogia eleitoralista
O resultado das
eleições legislativas nos dois círculos eleitorais da
Emigração portuguesa é principalmente caracterizado pela
expressiva subida do PS, que atinge pela primeira vez a
condição de partido mais votado nestes círculos e elege três
dos quatro deputados em disputa, e pela profunda queda eleitoral
do PSD, que perde em favor do PS dois dos seus três deputados e
baixa em 35% a sua votação (menos cerca de 8 000 votos ),
descida que é acompanhada também pelo CDS/PP, que perde mais de
25% dos votos obtidos nas eleições anteriores.
O resultado obtido pela CDU não é um resultado satisfatório,
sendo até contraditório com o resultado muito positivo
conseguido a nível nacional, já que baixa em percentagem (de
4,1% para 3,8%) e em votos (menos 260 votos), embora atingindo
pela primeira vez na Emigração a condição de terceira força
política em expressão eleitoral, ultrapassando o CDS/PP.
A elevadíssima abstenção verificada (76,6%), a maior de sempre
em eleições legislativas, a que se deve acrescentar o baixo
número de eleitores recenseados nas Comunidades Portuguesas
(apenas 183 550), é também um facto a reter. Demonstrativo de
que a justificada e necessária valorização de uma relação
responsável e participada dos portugueses da diáspora com o seu
País, que o PCP sempre tem defendido, deve ter em conta a
especificidade dessa relação pela sua condição de emigrantes
e não ser instrumentalizada pela demagogia eleitoralista e
populista que em especial tem sido alimentada pelos partidos da
direita e também pelo PS.
Não ao poder absoluto
A significativa
troca de posições entre PS e PSD nos resultados eleitorais da
Emigração (o PS passa de um para três deputados; o PSD, de
três para um; o PS obtém a condição de partido mais votado à
custa do PSD) é inseparável da negativa instrumentalização do
aparelho de Estado e da própria RTPi junto das Comunidades
Portuguesas por parte do partido no Governo.
Foi assim com o PSD, e então ganhou as eleições na
Emigração. Foi agora assim também com o PS, cujas listas de
candidatos pela emigração foram sobretudo constituídas por
funcionários e quadros ligados ao aparelho do poder e à
Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, cujo
Secretário de Estado não hesitou, aliás, de forma despudorada,
em usar a sua condição de governante para influenciar o voto
dos portugueses no estrangeiro.
Estes resultados dão por isso ainda mais consistência e
actualidade às críticas do PCP e de outros sectores de opinião
nas Comunidades Portuguesas que alertam para a necessidade de
combater a instalação de um poder absoluto e partidariamente
instrumentalizado nos serviços do Estado ligados à Emigração
e de exigir que o serviço público de rádio e televisão (RTPi
e RDPi) seja de facto um espaço plural de informação, com
isenção e qualidade.
Honrar os compromissos
A DOE do PCP saúda
os candidatos da CDU pelos dois círculos eleitorais da
Emigração, as organizações e os membros do PCP, os muitos
independentes que connosco trabalharam no quadro da CDU para
darem corpo a uma activa e esforçada campanha de informação e
esclarecimento num contexto marcado por uma profunda e
desfavorável desigualdade de recursos relativamente aos outros
principais partidos.
As ideias e propostas defendidas e apresentadas são compromissos
do PCP e da CDU que justificam agora uma activa mobilização de
forças e vontades na emigração portuguesa para a sua
concretização e que serão convertidos em reivindicações e
iniciativas políticas e parlamentares.
A apresentação do Orçamento de Estado para 2000 pelo Governo
do PS é desde já uma pedra de toque indispensável para avaliar
a sua política para as Comunidades Portuguesas e constituirá
também pela parte do PCP uma oportunidade que não será
desperdiçada para defender as suas justas aspirações.
A DOE do PCP considera ser necessário proceder a uma reflexão e
análise cuidadosas e rigorosas destes resultados eleitorais e
das suas causas, no sentido de contribuir para uma mais eficaz
intervenção futura dos comunistas em defesa dos direitos e
aspirações das Comunidades Portuguesas e para abrir caminho a
uma mais sólida e fortalecida influência do PCP como principal
e insubstituível força política no campo da esquerda.
Com este objectivo e para definir objectivos e linhas
orientadoras da nossa acção, além de outras reuniões já
agendadas em diversos países, vai realizar-se nos próximos dias
11 e 12 de Dezembro um Encontro de Quadros do PCP nas Comunidades
Portuguesas na Europa, aberto à participação de outros
activistas que participam também na CDU.