Desempregados de fora
nos Armazéns do Chiado


Para as dezenas de trabalhadores dos Grandes Armazéns do Chiado que continuam desempregados, a reabertura do edifício destruído no incêndio de 25 de Agosto de 1988 não proporcionou propriamente um dia para festejos.

O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, ao comentar a retoma da actividade nos Armazéns – reabertos anteontem mas com inauguração prevista para 9 de Novembro – manifestou-se «indignado por mais esta atitude de abandono e esquecimento», pois não foram tidos em conta os trabalhadores dos antigos Grandes Armazéns do Chiado, na «bolsa de emprego» criada para a meia centena de lojas que o edifício reconstruído vai albergar. O CESP/CGTP salienta que ficam no desemprego dezenas de pessoas «com grande experiência profissional, que têm actualizado com formação ao longo destes anos».
Deixar de fora os trabalhadores que viram «arder» os seus empregos há onze anos suscita ainda mais justo protesto porque, «por força da luta dos trabalhadores da zona incendiada do Chiado, o Ministério do Trabalho e da Solidariedade veio a criar um gabinete de atendimento para a reinserção profissional». «Ninguém pode dizer que ignora os objectivos de luta destes trabalhadores», salienta o sindicato.
Por outro lado, o CESP manifesta «satisfação pela forma positiva como estão a evoluir as conversações para desbloqueamento da verba de mais de um milhão e cem mil contos, do Fundo Extraordinário de Apoio à Recuperação do Chiado, como subsídio de compensação extraordinário, a atribuir aos cerca de mil trabalhadores afectados pelo incêndio».

Em seis pisos, o novo centro comercial da Baixa terá 50 lojas (incluindo a maior loja de artigos desportivos do País e o maior estabelecimento da multinacional FNAC na Península Ibérica), a funcionar até às 23 horas, e 11 restaurantes, abertos até à meia-noite.
Numa parte do sexto piso, no sétimo e na chamada «torre» (oitavo piso), onde existe um terraço com vista sobre a baixa e o Tejo, funcionará a partir de Dezembro um hotel de quatro estrelas, com 40 quartos.


«Avante!» Nº 1352 - 28.Outubro.1999