Vacas loucas
Provável prolongamento do embargo


O provável prolongamento do embargo às exportações portuguesas de carne bovina e de bovinos vivos imposto pela Comissão Europeia, é comentado, num momento em que nova missão comunitária está em Lisboa, pela Direcção nacional da Confederação Nacional da Agricultura - CNA, em comunicado de imprensa sobre a doença das vacas loucas.

A CNA começa por lembrar que, ao longo do ano de 1999 «já se registaram 102 casos detectados de BSE (vacas loucas) e tudo aponta para mais casos», o que significa que «está ultrapassado o limite de 200 casos por milhão de animais de efectivo bovino, com mais de 2 anos, definido pela Comissão Europeia, como base de partida para o levantamento ou manutenção do embargo».
Uma situação muito preocupante, como sublinha a CNA, que critica a política que nesta área tem vindo a ser seguida em Portugal pelos sucessivos governos.
«Começou com a ocultação da doença das vacas loucas a partir de 1992/93, continuou com a falta de controlo sobre as importações das farinhas de carne e ossos até 1996/7 e chegou à não aplicação das exigências da Comissão Europeia quanto á interdição e destruição desse tipo de farinhas e de outros materiais de risco», lembra a Confederação da Agricultura.
O comunicado termina com um alerta: «As vacas loucas e as dioxinas vieram também pôr a nú as dramáticas consequências da real falta de controlo sobre as importações agro-alimentares e da irracionalidade do modo de produção/transformação, agro-industrial e intensivo, o qual ameaça a bio-diversidade e a saúde pública, enquanto continua a dispor da grande parte dos apoios técnicos e financeiros, públicos, no quadro das políticas nacionais, da União Europeia e da Organização Mundial do Comèrcio».
Políticas que «urge modificar antes que surjam novos e ainda piores escândalos alimentares».


«Avante!» Nº 1352 - 28.Outubro.1999