Despedimentos no Japão
Os despedimentos anunciados a semana passada pela Nissan Motor deixaram o Japão em estado de choque. Num país fortemente marcado pela cultura de «um emprego para a vida», o «plano de reestruturação» da Nissan - como foi classificado pela direcção da Renault, que controla há sete meses aquele construtor do sector automóvel - mereceu um repúdio generalizado. A própria Bolsa de Tóquio reagiu mal, com os títulos da Nissan a baixarem 2,7 por cento.
O plano prevê o
encerramento de cinco fábricas no Japão e a supressão de 21
000 empregos, dos quais 16 500 no arquipélago (2400 na Europa e
1400 na América do Norte).
O primeiro-ministro japonês, Keizo Obuchi, apesar de se mostrar
compreensivo com a necessidade de reestruturação da empresa,
considerou que o despedimento em massa é difícil de aceitar.
«O governo não está em condições de intervir no sector
privado, mas é necessário que a Nissan examine o impacto [do
plano] sobre o emprego e as suas filiais», disse Obuchi.
Entretanto, também o grupo de telecomunicações nipónico, NTT,
prevê a supressão de 20 000 postos de trabalho, ou seja, 16 por
cento dos seus efectivos, nos próximos três anos. O grupo NTT,
de que o Estado controla actualmente 53 por cento do capital,
encara reduzir dos seus investimentos justamente numa altura em
que o Ministério das Finanças anuncia a venda de uma nova
parcela do seu capital na empresa.