Forte manifestação na Amadora
Defender a produção
em vez da especulação


Centenas de trabalhadores da ex-Sorefame paralisaram o trabalho na passada sexta-feira, de manhã, e desfilaram desde a Venda Nova até à Câmara Municipal da Amadora, protestando contra o anunciado fecho da fábrica e exigindo garantias de que a multinacional ADtranz não verá facilitada a especulação imobiliária nos terrenos onde há décadas se encontra instalada aquela importante unidade metalúrgica.

«A intenção da direcção da ADtranz só pode ser explicada com o interesse na venda dos terrenos para especulação imobiliária», disse Mateus Moreira, da Comissão de Trabalhadores, à Agência Lusa.
Da Câmara, os trabalhadores exigiram garantias de que o Plano Director Municipal não vai ser alterado, mantendo-se no PDM os terrenos da Sorefame classificados como zona industrial e de serviços. Joaquim Raposo, presidente da autarquia, perante as mais de três centenas de trabalhadores ali concentrados, garantiu que «a Câmara não permitirá a construção de habitação na zona», adiantando que «ainda este mês, vamos levar a reunião de Câmara o Plano de Urbanização da Venda Nova e aquela zona continuará classificada como zona industrial e de serviços».
Mateus Moreira, da Comissão de Trabalhadores da ADtranz, sublinhou que «a fábrica está de boa saúde e tem uma boa carteira de encomendas, como é exemplo o material para o Metro do Porto».
Bernardino Soares, deputado do PCP, que acompanhou a manifestação dos trabalhadores, disse que já fez um requerimento ao Governo procurando saber quais as medidas que serão tomadas contra o encerramento da fábrica.
A direcção da ADtranz Portugal emitiu um comunicado no dia 12 de Novembro, anunciando uma reestruturação decidida pela multinacional. Alegando um «excedente da capacidade técnica», a ADtranz aponta para o fecho de seis fábricas e o despedimento de três mil pessoas até 2002. Em Portugal, o cenário prevê a fusão das actuais unidades de Sines e da Amadora, em localização que ainda estaria por decidir... Só que, no mesmo comunicado, são logo levantados vários inconvenientes à continuação na Amadora. A intenção da ADtranz foi prontamente contestada pelos trabalhadores e pelas suas estruturas representativas.


«Avante!» Nº 1357 - 2.Dezembro.1999