Em causa
Conselhos Económicos e Sociais Regionais
Governamentalizar
em vez de
descentralizar
O decreto-lei que cria os Conselhos Económicos e Sociais Regionais (CESR) corre o risco de ser um nado-morto. Quem o diz é o Grupo Parlamentar do PCP que, depois de avaliar o diploma, chegou à conclusão que o seu conteúdo para além de «confuso» enferma ainda de «falta de credibilidade». Não exigindo a sua total revogação, os deputados comunistas entendem, porém, em nome da descentralização e da participação, que só uma «profunda alteração» o pode salvar.
O motivo principal
para as críticas da bancada comunista, e que justificaram o seu
pedido de apreciação parlamentar (ratificação) ao diploma,
prende-se com o facto de o Governo, contrariamente ao que anuncia
no preâmbulo, não assegurar a participação dos cidadãos e
das suas organizações, numa lógica descentralizadora.
Em vez da anunciada intenção de contribuir no sentido da
descentralização, comum a todos os partidos, logo após a
derrota da regionalização no referendo, o PS limitou-se à
«caricata ideia» de criar uns quantos comissários regionais,
numa versão de «novos boys», para os quais nem o próprio
Governo sabia quais as funções a desempenhar, acusou Lino de
Carvalho.
O parlamentar comunista considerou mesmo, referindo-se aos CESR,
estar-se em presença de uma «figura híbrida que mais parece um
monstrinho», de que não se conhece qual a sua real função nem
a sua real articulação com as estruturas já existentes.
«O Governo ao elaborar este diploma ou não sabia o que queria
ou elaborou o diploma de forma incompetente ou, mais grave, quis
fazer um simulacro de participação e descentralização
criando, pelo contrário, um órgão governamentalizado, uma
espécie de regresso de certas formas de
"corporativismo"», sustentou Lino de Carvalho.
A eliminação de todas as referências às funções de
«concertação» sublinhando simultaneamente as funções de
«participação», constitui, entretanto, uma das medidas
imprescindíveis para melhorar o diploma, na perspectiva da
bancada comunista, que defende ainda não poder aquele órgão
ficar na dependência das CCR´s mas sim como órgão de apoio ao
Conselho da Região e, por conseguinte, dando ao presidente do
Conselho da Região as funções que estão cometidas ao
presidente das CCR´s.