Presidenciais no Uruguai
Direita elege Battle


Jorge Battle, candidato do Partido Colorado, de direita, no poder, venceu no domingo a segunda volta das eleições presidenciais no Uruguai com 51,59 por cento dos votos, contra 44,07 de Tabaré Vazquez, o candidato da coligação de esquerda Frente Ampla. Com a vitória de Battle, o Uruguai dá início a uma complexa «coabitação» política resultante da eleições gerais de 31 de Outubro, em que pela primeira vez a Frente Ampla se sagrou como a força maioritária no parlamento, com um total de 52 lugares (12 senadores e 40 deputados).

No domingo, beneficiando da concentração de votos dos partidos de direita (Colorado e Nacional) Battle obteve 1.138.067 votos contra 972.197 de Vazquez, da coligação
Encontro Progressista/Frente Ampla (EPFA), num escrutínio que mobilizou 2.205.924 eleitores (cerca de 90 por cento dos inscritos). Apesar do cerrar de fileiras à direita Battle não conseguiu vencer na capital, Montevideu, ficando-se pelos 407.395 votos (42,42 por cento), contra os 522.702 votos (54,43 por cento) de Vazquez.
Reconhecendo a derrota, o dirigente da Frente Ampla saudou o seu adversário e sublinhou que «esta força política estará sempre disposta a trabalhar para a melhoria das condições de vida de todos os uruguaios».
Por seu lado, os apoiantes dos partidos Colorado e Nacional festejaram a vitória do seu candidato afirmando ter ganho «a democracia e a liberdade», aparentemente esquecidos da agressividade que marcou a recta final da campanha eleitoral, onde a par de todo o tipo de insultos foram desenterrados os velhos fantasmas do «perigo marxista». Foi justamente para barrar o caminho ao «marxista» Tabaré Vázquez que o Partido Nacional, tradicional adversário dos colorados na luta pelo poder apesar das suas afinidades ideológicas, apelou pela primeira vez ao voto num candidato do Partido Colorado.
Recorda-se que a introdução da segunda volta nas eleições presidenciais, instituída pela reforma constitucional aprovada em Dezembro de 1996, resulta de uma proposta dos partidos Colorado e Nacional justamente com o objectivo de fazer face à crescente força da Frente Ampla.
O presidente eleito, que assumirá funções em 1 de Março de 2000, afirmou entretanto que o primeiro objectivo do seu governo será «poder levar a cabo no próximo século os ideais do progresso, liberdade, democracia, tolerância e de respeito entre todos», para o que conta «com a participação activa de todos os cidadãos».

Violência
na Colômbia

Bem mais complexa é a situação na Colômbia, onde qualquer acto eleitoral é uma actividade de alto risco, como mais uma vez se verificou no domingo com o assassinato, por desconhecidos, de um jornalista e um operador de câmara da televisão, quando «cobriam» uma eleição municipal na localidade de El Playon, a 450 quilómetros de Bogotá.
Segundo um porta-voz da polícia do departamento de Santander, citado pela Lusa, os corpos do repórter Luis Rincon e do operador de câmara Alberto Sanchez foram encontrados crivados de balas.
O anterior presidente da câmara foi assassinado há dois meses juntamente com dois funcionários da autarquia.
Cerca de 130 jornalistas foram assassinados na Colômbia nos últimos 10 anos.


«Avante!» Nº 1357 - 2.Dezembro.1999