Basta de
acidentes de trabalho
Construção
civil paralisa
em sinal de luto e dor
No próximo dia 15, os trabalhadores da construção civil e obras públicas vão reclamar nos vários distritos melhores condições de higiene e segurança no trabalho, numa acção que inclui uma paralisação nacional simbólica de meia hora, entre as 15 e as 15.30 horas da tarde.
Raro é o dia em que
não é noticiada a ocorrência de acidentes mortais no sector da
construção, a maioria dos quais poderia ser evitada se as
empresas e sub-empreiteiros cumprissem as normas legais e
regulamentares em vigor sobre higiene, segurança e saúde nos
locais de trabalho.
Este desrespeito pela legislação «deve-se à inércia e
incapacidade da Inspecção Geral do Trabalho», considera o
Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Mármores e Madeiras
e Materiais de Construção do Sul, que espera alertar a opinião
pública e as entidades competentes para o problema com a
iniciativa de 15 de Dezembro, declarado como dia nacional de luto
e pesar no sector.
O Sindicato quer assim que todos os anos este seja um dia de
reflexão e respeito pelos trabalhadores vítimas dos acidentes,
causados pela ganância e irresponsabilidade dos empregadores.
Para já reclama melhores condições de trabalho, a
responsabilização criminal para os infractores das normas em
vigor e o fim do trabalho precário e clandestino.
De acordo com as estatísticas oficiais, laboram no sector mais
de 520 mil trabalhadores, representando 11 por cento população
activa em Portugal. Destes, mais de 60 por cento está em
situação precária, ou seja ao dia ou à hora, não lhes sendo
reconhecidos um amplo conjunto direitos legais e contratuais.
Dos 75 mil postos de trabalho no país durante o primeiro
semestre, 44 por cento foram no sector da construção e obras
públicas. Foi também aqui que se ocorreram 83 por cento dos
acidentes de trabalho mortais. Só nos últimos 10 anos, mais de
1.700 trabalhadores morreram nestes acidentes e muitos milhares
de outros ficaram com incapacidades extremamente elevadas para o
resto da vida.
Recorde-se que nas obras de grande envergadura como a
Expo98, Pontes Vasco da Gama e 25 de Abril, Colombo, Centro
Cultural de Belém, CGD, Metropolitano e outras verificaram-se
milhares de acidentes de que resultaram dezenas de mortos.
CTT desfilam
hoje em Lisboa
O Sindicato Nacional
dos Trabalhadores do Correios e Telecomunicações realiza hoje,
pelas 14.30 horas, uma concentração desfile entre a Rua de
Santa Marta e a Rua de S. José, onde se encontra o edifício da
administração dos CTT, acusada de tentar retirar direitos aos
trabalhadores e beneficiários do sub-sistema de saúde.
Na sequência do novo regulamento de 1996, os trabalhadores e
familiares passaram a pagar uma quota por regalias e direitos que
até então eram gratuitos. Agora a Administração quer acabar
com o sub-sistema e tenta empurrar os trabalhadores para o
Serviço Nacional de Saúde.