Salário Mínimo
Nacional
Alarga-se
fosso entre Portugal e países europeus
PS, PSD e PP uniram-se na Assembleia da República para derrotar o projecto comunista que visava a aproximação gradual do valor do salário mínimo nacional à média europeia. Na ocasião, Carlos Carvalhas declarou que «é precisamente nestas questões que se verifica uma diferença entre a direita e a esquerda substantiva».
O projecto do PCP,
apresentado pelo deputado Lino de Carvalho, começa por lembrar
que, segundo dados do Ministério do Trabalho e da Solidariedade,
cerca de 200 mil trabalhadores são pagos com o salário mínimo
nacional (10% dos trabalhadores da indústria de madeira e
cortiça, 12,1% no mobiliário, 14,2% no vestuários e quase 20%
na restauração), sendo que do total, as mulheres representam
cerca de 60%.
Mas há ainda os casos singulares da Administração Pública,
onde o índice 100, a base remuneratória, está abaixo do SMN,
registando-se igualmente situações em que são publicadas
tabelas salariais com vencimentos inferiores ao mínimo nacional.
Apesar da sua importância real, o salário mínimo tem sofrido
ao longo do anos uma desvalorização contínua: em 1981
representava 67,% do salário médio; em 1996 já representava
tão somente 52%. Esta tendência prosseguiu em 1997, quando teve
um aumento de 3,9%, contra uma incremento do salário médio de
5,1%. Estes valores foram em 1998, respectivamente, de 3,9%
contra 4,7%; e este ano de 4,1% contra 4,9% de aumentos salariais
médios previstos.
O anúncio recente dos aumento para 2000 mantém a tendência
para uma distribuição desigual do rendimento em proveito do
capital. Para uma inflação prevista de 2,3% e uma produtividade
esperada de 2,8%, num total de 5,1%, o Governo fica-se por um
aumento de 4,1%.
O
escalão mais baixo da UE
País |
Euros |
Escudos |
Luxemburgo | 1162 |
234156 |
Holanda | 1078 |
216156 |
Bélgica | 1074 |
215407 |
França | 1049 |
210327 |
Grã-Bret. | 99963 |
193053 |
Irlanda | 99958 |
192011 |
Grécia | 458 |
90636 |
Espanha | 416 |
83465 |
Portugal | 306 |
61300 |
Números divulgados pela CGTP, dados do EUROSTAT e IDE |
Esta
desvalorização que atira os trabalhadores portugueses para o
escalão mais baixo da União Europeia (quadro acima, com dados
relativos a 1999), deve no entender do PCP ser invertida. Neste
sentido, a proposta comunista estipulava que o aumento anual do
salário mínimo não possa «ser inferior à taxa de inflação
prevista para esse ano acrescida, pelo menos de três pontos
percentuais». Se fosse adoptada, no final da legislatura, ou
seja ao fim de quatro anos, o seu valor não seria inferior 75
mil escudos.
Como reconheceu Lino de Carvalho é uma «proposta que ainda
está abaixo de valores que se justificariam por razões de
justiça social. Mas ninguém, seguramente contestará, que é
uma proposta claramente sustentável e acomodável aos valores
macro-económicos previsto para a economia portuguesa».
Porém, assim não pensaram PS, PSD e PP que em bloco chumbaram o
projecto.