França
11 de Dezembro, dia de luta


A quinzena de organizações que participaram na manifestação de 16 de Outubro, em Paris, promove no próximo dia 11 uma série de iniciativas descentralizadas cujo objectivo é sublinhar «a urgência social» de uma série de questões que se encontram na ordem do dia. A jornada de luta coincide com a manifestação nacional de desempregados marcada para a capital francesa.

Segundo os organizadores, terão lugar cerca de três dezenas de manifestações em diversas cidades francesas. As lutas em curso, as ocupações de empresa e a batalha dos desempregados para o aumento dos subsídios mínimos nacionais dão um peso acrescido à iniciativa, cujo objectivo é prolongar e aprofundar a unidade de acção alcançada em 16 de Outubro, dando, em ligação com as três associações de desempregados que convocaram para dia 11 uma manifestação nacional, um especial destaque à questão da precaridade no emprego. Uma das palavras de ordem que se ouvirão em Paris e um pouco por toda a França será a exigência de «aumento dos mínimos sociais, bónus de Natal».
O clima de contestação social tem vindo a aumentar nos últimos dias. A 30 de Novembro, em todo o país, o sector bancário cumpriu uma greve de 24 horas, e os trabalhadores saíram à rua numa impressionante manifestação de força como não se via há 25 anos: entre 25 000 a 30 000, segundo os sindicatos (cerca de 13 000 segundo a polícia).
Os trabalhadores bancários lutam contra o projecto patronal que visa adaptar os salários e condições de trabalho às novas condições do sector, onde predominam cada vez mais as mega-fusões. A greve, convocada pelas cinco federações representativas dos trabalhadores dos bancos em luta por uma convenção colectiva digna desse nome em 1 de Janeiro de 2000, contou com uma forte participação dos trabalhadores dos bancos portugueses em França, o que levou ao encerramento de várias dezenas de agências bancárias (oito das nove agências do BPI encerraram, o mesmo sucedendo a 27 das 34 do BFP, por exemplo). Segundo os dados disponibilizados pelas estruturas sindicais, os níveis de adesão nos bancos portugueses foram de 30 por cento na CGD e no BPSM, de 35 por cento no Banco Mello e no BCP, e de 61 por cento no BFP e no BPI.
A não haver acordo, os sindicatos do sector admitem ir para a greve geral ilimitada.
Outras paralisações, mais parciais, e diversas manifestações afectaram ainda diferentes sectores franceses, como os grandes armazéns, os Correios, alguns hospitais, ou o sector alfandegário. Para além de manifestações em Aix-en-Provence, Martigues, Toulon, Nice, é de destacar, pela sua grandeza, a manifestação de desempregados em Marselha, onde 30 000 pessoas saíram à rua para exigir «um bónus de Natal de 3000 francos e a criação de um fundo para indemnizar dos desempregados».
Segundo Charles Hoareau, responsável do comité de Marselha da CGT para os desempregados, que considerou a iniciativa «um sucesso total», o bónus exigido é e deve ser um símbolo que «dê um pouco de felicidade às famílias e que significa que existimos e que somos reconhecidos». O que não faz esquecer que o objectivo principal é «primeiro o emprego, depois um sistema que tenha em conta todos os desempregados».


«Avante!» Nº 1358 - 9.Dezembro.1999