Crise na Amascultura


A Amascultura, associação pioneira na área do desenvolvimento socio-cultural, vive neste momento um momento de crise, mercê de uma «clara inaptidão para as suas funções» da actual admninistradora-delegada.

Este o alerta lançado pelos eleitos CDU, em conferência de imprensa realizada no passado dia 9, em que nomeadamente se propôs a substituição dessa responsável.
Em comunicado dirigido aos órgãos de comunicação social, os eleitos da CDU na Assembleia Intermunicipal e Conselho de Administração da Amascultura, relembram o percurso desta associação, criada em 1988 pelos municípios da Amadora, Loures, Sobral de Monte Agraço e Vila Franca de Xira. Um «caso inédito» no panorama do poder local em Portugal, que revelou «um nível superior de entendimento da construção do futuro, isto é, a integração da cultura como componente indissociável do conceito de desenvolvimento sustentado».
Nesse mesmo espírito, e mercê de um apreciável esforço da Câmara Municipal de Loures, procedeu-se à recuperação/requalificação e adaptação a Centro Cultural do antigo matadouro, que em tempos idos havia sido estação de muda da Malaposta.

Neste novo Centro Cultural, inaugurado há dez anos, em 2 de Dezembro de 1989, ficaram instaladas a sede da Amascultura e a companhia de teatro profissional Centro Dramático Intermunicipal Almeida Garrett (CDIAG).
O balanço destes dez anos de actividade fala por si: 45 produções e 1 742 exibições que tiveram a presença de 158 883 espectadores. Outros projectos foram também desenvolvidos, nomeadamente nas áreas do cinema (em que é de assinalar o prestígio alcançado pelos Encontros Internacionais de Cinema Documental), da dança e das artes plásticas.
O projecto CDIAG e a Amascultura tiveram desde o início como objectivos a descentralização, formação de actores, incentivo à produção de textos nacionais, criação de novos públicos e promoção cultural.
É esta prática e este espírito que os eleitos da CDU consideram que agora está a ser posta em causa pela actuação da administradora-delegada, nomeadamente pelos conflitos que tem vindo a gerar com os colaboradores da Amascultura, pela intromissão na direcção artística da companhia de teatro e pelo recurso à intimidação e à ameaça de despedimento «como principal instrumento de gestão».
Na conferência de imprensa, os eleitos da CDU afirmaram todo o seu empenho no prosseguimento da Amascultura e dos seus objectivos e garantiram que «desenvolverão os esforços ao seu alcance para, através do diálogo e da cooperação com os demais eleitos, estabilizar, pacificar e consolidar o projecto Amascultura».


«Avante!» Nº 1359 - 16.Dezembro.1999