Desemprego aumenta em Setúbal



Dois meses após as eleições, o desemprego continua a subir no distrito de Setúbal. Isto, apesar da «preocupação» em relação ao problema demonstrada em campanha eleitoral pelo actual ministro Jorge Coelho que, então, até se vangloriava de o Governo do PS ter tomado um conjunto de medidas que teriam levado à criação de milhares de postos de trabalho.

A denúncia pertence à Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP que, em tomada de posição pública, tendo em conta as situações de desemprego já concretizadas, como aconteceu a partir do final de Novembro a cerca de 750 pescadores de Sesimbra, alerta para o eventual reforço desta tendência nos próximos meses.
A ameaça de desemprego paira, contudo, sobre muitos outros trabalhadores, como sejam os da unidade da ADP no Barreiro (50), cujo encerramento foi anunciado; os da Valério, no Montijo (200), também por encerramento da empresa; ou, ainda, os da Norporte, em Alhos Vedros (450), sem perspectiva credível de reabertura da empresa.
Entretanto, só no sector das confecções, aos 600 postos de trabalho que se perderam, desde finais de 1998, há que somar o atraso no pagamento de indemnizações aos trabalhadores da Gelfa e da Convex, a suspensão dos contratos colectivos de trabalho nas Malhas Vitória ou na Riocopa e a ameaça de despedimento a cinco trabalhadores da Edcar.
Também o acordo de pesca com Marrocos foi, na opinião do PCP, mal conduzido pelo Governo, com repercussões directas no emprego e na economia da região. Assim, a DORS considera necessário que o Governo tome uma atitude política responsável em defesa da pesca e dos interesses da nossa frota que permita nomeadamente às 13 embarcações de Sesimbra retomarem o seu trabalho nos pesqueiros marroquinos. Pois, como sublinha, «os pescadores e armadores querem trabalho e não subsídios!».

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Sem emprego, que Natal?

Os problema do desemprego e dos salários em atraso foram motivo de análise por parte da Direcção da Organização Regional de Lisboa do PCP que, na terça-feira passada, realizou, no Centro de Trabalho Vitória, um encontro com os órgãos de comunicação social para se pronunciar sobre a situação.
Fátima Amaral, deputada do PCP na Assembleia da República, Carlos Grilo, membro da DORL, responsável pelo trabalho sindical, e outros dirigentes do PCP que participaram no encontro, estão preocupados com a dimensão que o fenómeno atinge no distrito de Lisboa e com as suas dramáticas consequências sociais e humanas.
«Que Natal podem ter as famílias dos trabalhadores que se encontram no desemprego ou com salários em atraso?», perguntam os comunistas de Lisboa.
No encontro com os órgãos de informação, a DORL do PCP aproveitou para denunciar algumas das situações mais paradigmáticas do distrito e apontou as medidas imediatas que consideram indispensáveis para fazer diminuir o desemprego e melhorar a qualidade do emprego.


«Avante!» Nº 1360 - 23.Dezembro.1999