Plenário nacional acabou na rua
STAL e STML intensificam luta



Carreiras, suplementos de risco, salários e emprego foram os grandes temas abordados no plenário nacional do STAL e do STML, realizado no dia 14. Os sindicalistas prometem intensificar a luta e provaram-no ao desfilar até ao Ministério da Administração Interna, onde entregaram a resolução aprovada na iniciativa. Admitem a realização nos próximos meses de uma manifestação e de greves.

Reunidos em plenário nacional na Casa do Alentejo, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) e o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) decidiram intensificar o processo de luta e promover uma acção de esclarecimento e mobilização dos trabalhadores em todo o país. A primeira acção teve lugar nesse mesmo dia, com um desfile até ao Ministério da Administração Interna, envolvendo meio milhar de dirigentes e delegados sindicais.
No local, os representantes sindicais entregaram a resolução aprovada no plenário a um adjunto do gabinete do ministro Fernando Gomes, apesar de ter sido previamente pedida uma audiência. O Ministério argumentou que Gomes havia sido empossado apenas na véspera, desconhecendo grande parte dos problemas colocados.
O documento aprovado prevê a realização de plenários sectoriais e descentralizados, admitindo a possibilidade de uma manifestação nacional na segunda quinzena de Janeiro e de greves nos meses de Fevereiro e Março.

Caminho condenado

«António Guterres e o Partido Socialista não podem, de forma alguma, insistir numa política contrária aos interesses e anseios dos trabalhadores deste país, particularmente os da administração local», lê-se na resolução.
O STAL e o STML consideram que o mandato do anterior governo se traduz por uma constante fuga aos compromissos e promessas assumidos. «Só isso explica o saldo destes parcos meses de governação que, embora poucos, se assumem já como de uma acção no prosseguimento da mesma política que ainda recentemente condenámos», afirmam os sindicalistas.
O documento analisa a actual situação: «Nos salários, assistimos à repetição da já velha e moforenta fórmula da contenção. Curiosamente, em claro contraste com optimistas "previsões" postas a circular em alguns órgãos de comunicação social antes das eleições legislativas que davam como certo um crescimento real do poder de compra dos trabalhadores.»
Em relação às carreiras, os sindicatos referem «o silêncio absoluto sobre o que falta e se exige negociar», acusando o Governo de marcar a diferença apenas pela manutenção e publicação do diploma «discriminatório e injusto» para a carreira de operário altamente qualificado.
O STAL e o STML criticam ainda a falta de aplicação do suplemento de insalubridade, penosidade e risco.
«Apesar de "novo", pelo menos do mandato recém iniciado, o actual Governo emana do mesmo partido e é composto pela grande maioria dos governantes que nos últimos quatro anos prosseguiram uma política contrária aos interesses e anseios dos trabalhadores da administração local», considera a resolução.
«Foi exactamente essa política – de desrespeito pelos compromissos e promessas, de contenção salarial (imposta a troco de negociatas com a UGT), de tentativa de retirada de direitos – que os trabalhadores combateram energicamente. Não vamos, pois, permitir a sua continuação», afirmam os sindicalistas.


«Avante!» Nº 1360 - 23.Dezembro.1999