Redução
de emprego contestada pelo SIESI
Rescisões
paradoxais
na Siemens de Évora
A
administração, ao mesmo tempo que exige aos trabalhadores a
prestação de trabalho extraordinário, pressiona-os para
rescindirem os contratos de trabalho, enquanto vai recebendo
dinheiros do Estado e da UE para a criação de emprego
denunciou na semana passada o Sindicato das Indústrias
Eléctricas do Sul e Ilhas.
Os trabalhadores da
fábrica da Siemens em Évora, reunidos em plenário, exigiram a
manutenção dos postos de trabalho e o fim das pressões
exercidas pela administração para rescindir centenas de
contratos. As conclusões do plenário foram divulgadas pelo
SIESI/CGTP, numa conferência de imprensa realizada junto aos
portões da empresa, onde se juntaram algumas dezenas de
operários, informou a Agência Lusa. Carlos José Ribeiro,
dirigente do sindicato, denunciou o clima de instabilidade que se
vive na fábrica, depois da administração ter feito saber que
pretende afastar 120 trabalhadores efectivos de imediato,
através de rescisões por mútuo acordo.
A Siemens já liquidou mais de 500 postos de trabalho durante
este ano, 300 dos quais em Évora, denunciou o sindicalista,
salientando que a unidade eborense vive um óptimo momento
económico. A fábrica emprega 1100 trabalhadores e dedica-se à
produção de relés, equipamento predominantemente destinado à
indústria automóvel.
O dirigente do SIESI acusou o Governo de «cumplicidade» com a
Siemens nesta manobra para redução do emprego. Citando dados da
Comissão Europeia, Carlos José Ribeiro disse que a Siemens em
Portugal recebeu, entre 1994 e 1999, no âmbito do PEDIP II, 43
milhões de euros do Estado português, destinados à
modernização das empresas e à criação de emprego, e que
presentemente tem autorizações de apoios de mais 34 milhões
de euros.
Os sindicalistas temem que a redução atinja um maior número de
trabalhadores e admitem a convocação de uma greve em Janeiro,
caso se mostre infrutífera uma reunião agendada na delegação
do Ministério do Trabalho com a administração da Siemens.
Comentando uma eventual compra da unidade industrial de Évora
pela multinacional norte-americana Tyco International, com sede
nas Bermudas, o sindicato notou que o negócio, «tanto quanto se
conhece, não está juridicamente concluído».