Crise no ensino
superior
Levantam-se
as vozes
contra a ineficácia governativa
A defesa e
aperfeiçoamento da autonomia do ensino superior e politécnico,
a par da elevação da qualidade e da garantia de financiamento
sustentado do sistema público, constituem duas das medidas
preconizadas pelo Grupo Parlamentar do PCP para aqueles graus de
ensino. Inseridas num conjunto de medidas por si consideradas
urgentes para a reestruturação do ensino superior público e
privado, estas propostas foram dadas a conhecer pela deputada
comunista Luísa Mesquita em declaração política proferida faz
hoje oito dias.
Desse grupo de
medidas faz igualmente parte o apoio ao aperfeiçoamento
científico curricular e pedagógico, bem como a necessidade de
prosseguir e generalizar os processo de avaliação e
acompanhamento das instituições.
Entendendo que o alargamento da frequência do sistema público
constitui uma prioridade, para a bancada comunista importa
simultaneamente que seja alargada a acção social escolar, do
mesmo modo que urge defender a qualidade do ensino e os direitos
educativos dos alunos do ensino privado, qualificando, para o
efeito, os recursos humanos e dignificando e valorizando as
carreiras docentes.
Esta é a resposta do Grupo Parlamentar do PCP ao que afirma
serem os indicadores «muito preocupantes» que continuam a
caracterizar o ensino superior. O diagnóstico feito por Luísa
Mesquita, a este respeito, não deixa qualquer margem para
dúvidas. Continuando Portugal a deter a mais elevada taxa de
analfabetos da União Europeia e uma das mais elevadas do mundo,
o que é um facto e foi para ele que a deputada do PCP
chamou a atenção é que «não se vislumbram políticas
que considerem a educação como prioridade para o
desenvolvimento do País».
O caso do ensino
superior, atravessado por uma grave crise que atinge as
diferentes academias de Norte a Sul do País, é disso mesmo um
testemunho.
«Associações de estudantes, federações e sindicatos de
professores, conselho de reitores são unânimes em considerar
que a ausência de medidas de financiamento e a
desresponsabilização do Estado estão a pôr em risco o ensino
superior em Portugal», lembrou Luísa Mesquita.
Dos ecos dessa realidade, que chegam de todo o lado, e das
«vozes preocupadas perante a inoperância e a ineficácia do
Governo do PS», falou desenvolvidamente a deputada comunista.
Exemplificando, citou, entre tantos outros casos, o Instituto
Politécnico da Guarda, onde os alunos exigiram durante dois
meses o início do ano lectivo. Elucidativa é também a
situação dos estudantes dos diferentes institutos sociais do
país, de quem partiu a denúncia de que a opção por uma
licenciatura de Serviço Social obriga à frequência do ensino
particular e cooperativo, com o pagamento de propinas
elevadíssimas, porque não existem alternativas no ensino
superior público.
Situação paradigmática é ainda a da acção social escolar,
praticamente inexistente, quer no público quer no privado, como
sublinhou Luísa Mesquita, que citou igualmente o caso da
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Lisboa, cujos alunos
acusam o Governo de subfinanciar a escola e de ignorar a
situação deficitária em infra-estruturas, acção social
escolar e corpo docente.