Em causa apoios
à modernização
Governo
enganou comerciantes
No debate de urgência realizado na passada semana por iniciativa do Grupo Parlamentar do PCP sobre o PROCOM (Programa de Apoio ao Comércio), o Governo foi finalmente obrigado a quebrar o pesado e comprometido silêncio a que se remetera nos últimos meses sobre esta matéria.
Não o fez, porém,
da melhor forma. Seriam de esperar respostas objectivas e claras,
capazes de esclarecer um processo sobre o qual se levantavam
legítimas suspeições quanto à lisura da postura
governamental. Sobretudo depois de ter sido insistentemente
instado a fazê-lo, em diversas ocasiões e por diversas formas,
pelo PCP. Mas tal não sucedeu. Às questões levantadas no
debate pelo deputado Lino de Carvalho, o secretário de Estado do
Comércio não foi capaz de prestar esclarecimentos
satisfatórios. Embrulhando-se nas explicações, aquele membro
do Executivo não conseguiu desmentir a ideia generalizada de que
a operação lançada pelo Governo antes das eleições
acenando com milhões de contos e com a promessa de uma
subvenção a fundo perdido aos comerciantes e autarquias que
apresentassem projectos de renovação dos seus estabelecimentos
e dos respectivos espaços urbanos mais não foi do que
uma operação de aliciamento visando mobilizar simpatias e, por
essa via, obter dividendos eleitorais.
Isto porque e foi isso que o debate confirmou no essencial
já nessa altura o secretário de Estado do Comércio
sabia bem que não tinha nem verbas para dar resposta aos efeitos
dessa mobilização junto dos comerciantes, nem os serviços
dispunham de recursos humanos suficientes para dar resposta aos
compromissos assumidos pelo Governo.
Para Lino de Carvalho não restam dúvidas, pois, que se tratou
de uma inqualificável manobra pré-eleitoral do Governo PS, que
sabia bem que, contrariamente às promessas feitas, não podia
homologar no prazo de três meses os projectos apresentados e
muito menos pagar no imediato as respectivas subvenções.
Do debate, a que assistiu o presidente da Confederação do
Comércio, bem como representantes de várias associações
comerciais e comerciantes, resultou entretanto o compromisso do
Governo de pagar as subvenções de todos os projectos cujas
obras estejam concluídas até final de 1999 e cuja respectiva
documentação seja entregue.
Quanto aos restantes projectos, segundo o secretário de Estado,
transitarão para o III Quadro Comunitário de Apoio, não
havendo no entanto a certeza quanto à suficiência de verbas
para corresponder aos projectos pendentes, nem se as taxas de
comparticipação serão as mesmas que foram adoptadas no quadro
que agora termina.
Uma certeza, essa, tem o Grupo comunista e foi revelada por Lino
de Carvalho: o PCP continuará a acompanhar de perto esta
questão e em Janeiro próximo, em sede de comissão parlamentar
de Economia, chamará o Secretário de Estado do Comércio para
fazer um ponto de situação sobre o assunto.