Estatuto dos Militares das Formas Armadas
O Grupo Parlamentar do PCP quer ver revisto ainda nesta sessão legislativa o artigo 31º da lei de Defesa, designadamente no que concerne ao direito de associação profissional.
Autora de um projecto de lei nesse sentido já entregue há algumas semanas no Parlamento, a bancada comunista está disposta a aguardar algum tempo pela apresentação de outras iniciativas. Mas não esperará eternamente, como já avisou o deputado João Amaral, que considerou não fazer sentido estar com mais delongas para conferir ao artigo 31º «um sentido claramente modernizador, acolhendo a existência de associações de representação profissional e o seu papel de interlocutores representativos».
Esta questão foi
suscitada a propósito das «imperfeições e erros de
concepção» que perpassam o novo estatuto dos Militares das
Forças Armadas, em consequência, no entender de João Amaral,
exactamente da «falta de diálogo institucional com
organizações representativas dos militares».
Foi na passada semana e estava-se em plena apreciação
parlamentar (ratificação), requerida pelo Grupo comunista,
àquele estatuto dos Militares e ao decreto Lei que o aprovou,
visando introduzir-lhe um conjunto de alterações
indispensáveis, do ponto de vista do PCP, à melhoria do seu
articulado.
Mas a questão de fundo nesta matéria prende-se com o facto de o
Estatuto dos Militares das Forças Armadas ter sido objecto de
alterações em três momentos diferentes que se traduziram na
sua revogação e substituição integral em menos de dez anos.
Perante esta evidente «instabilidade legislativa», assim lhe
chamou, João Amaral interrogou-se sobre as razões de tanta
pressa.
Para logo responder: «Quando se olha para determinado leque de
alterações que o novo Estatuto dos Militares das Forças
Armadas contém é evidente uma desgraduação funcional,
particularmente em quadros intermédios. Trata-se no fundo de
procurar cobrir com uma inaceitável desqualificação as
dificuldades criadas às Forças Armadas com o estreitamento da
sua base de organização, um serviço militar reduzido ao osso,
e agora a ser substituído por profissionais que existirão
escassamente e não chegarão para as necessidades».
O sentido global de algumas das «novidades» do novo Estatuto
traduzem ainda, na perspectiva de João Amaral, um «certo
espírito de desvalorização da condição militar e dos
militares». É contra esse espírito e contra essa
desgraduação funcional, vertido em várias normas, que são
dirigidas as propostas de alteração agora apresentadas pela
bancada comunista.