TAP
Uma
empresa bandeira a defender
A Comissão Política do PCP considera de «extrema
gravidade» as anunciadas intenções do Conselho de
Administração da TAP de dividir a empresa em três, de
substituir o Acordo de Empresa por um «Pacto Social» e de
congelar salários e eliminar postos de trabalho. Em nota à
comunicação social (que a seguir se transcreve), o PCP denuncia
ainda o silêncio cúmplice do Governo do PS face a estes
rumores.
Têm vindo a
público notícias sobre a TAP que o PCP considera de extrema
gravidade, sem que o Governo do PS tome posição, o que legitima
a suspeita da sua concordância com as orientações e decisões
que são divulgadas.
É, desde logo, de sublinhar que, aparentemente, não há nenhuma
lógica que, num quadro de anúncio da aceleração das
privatizações definida no Programa do Governo (onde está
incluída a TAP), este tenha decidido da compra de parte do
capital de uma empresa privada, a Portugália.
Tal decisão parece ser tanto mais irracional, no plano
económico, quando o critério de avaliação para a compra de
parte do capital dessa empresa residiu na sua facturação de
1998 (cerca de 22 milhões de contos) enquanto que relativamente
à TAP, que teve nesse mesmo ano uma facturação superior a 200
milhões de contos, aparece avaliada em 40 milhões de contos.
Simultaneamente, a ausência completa de qualquer referência,
pela primeira vez, no Programa do Governo, sobre a Política de
Transporte Aéreo e à sua empresa de bandeira, indicia que o
Governo quer desresponsabilizar-se da obrigação de definir uma
Política Aérea Nacional e desfazer-se da TAP a qualquer custo.
Só assim se pode compreender o silêncio do Governo face às
anunciadas intenções do Conselho de Administração tendentes
à divisão da TAP em três empresas (transporte aéreo, handling
e manutenção); às intenções de rever antecipadamente o
Acordo de Empresa, substituindo-o por um «Pacto Social», com o
objectivo de legitimar a divisão da empresa; à vontade de
congelar salários e eliminar postos de trabalho.
Manter identidade
e independência
Sabendo-se que há
outras alternativas ao Qualiflyer/aliança com a Swissair que
indiciam soluções mais favoráveis para a TAP, indo ao ponto da
valorização da empresa, o que leva o Governo a insistir na
solução Qualiflyer? Tudo isto indicia uma grande falta de
transparência na política de alianças, nomeadamente o papel da
TAP no Qualiflyer.
Neste contexto, não deixa de ser significativo o facto de o
Presidente do Conselho de Administração ter demitido o director
geral comercial, nomeado há pouco menos de seis meses.
O PCP defende uma TAP unida, com uma dimensão próxima da
actual, mantida no sector público empresarial, única forma de
manter as características de empresa de bandeira. Esta á uma
empresa de aviação ao serviço de Portugal, da sua economia e
das comunidades portuguesas no estrangeiro.
É também uma condição fundamental para a garantia da
manutenção dos postos de trabalho com direitos. Aliás,
conforme consta num relatório da Comissão Europeia, o número
de trabalhadores, de postos de trabalho, com direitos é maior e
mais estável nas companhias de bandeira dos países-membros do
que nas pequenas empresas de aviação civil.
Sobre as opções na política de alianças estratégicas, no
quadro da informação disponível, o PCP sublinha que o que
melhor serve os interesses da TAP e do país é a que sirva para
a sua complementaridade comercial, que reforce a manutenção da
sua identidade e independência contrariando, no contexto da
privatização, a actual política de submissão aos interesses
da Swissair, visando a integração/fusão da TAP nesta aliança.
O PCP reclama do Governo, especialmente do primeiro-ministro, que
informe o país e sobretudo os trabalhadores da TAP sobre as
intenções e projectos quanto ao futuro da transportadora aérea
nacional.
O PCP reafirma a sua solidariedade aos trabalhadores e á luta em
defesa da TAP, dos postos de trabalho, dos seus direitos e
salários.
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Interesses
suíços
asfixiam TAP
afirmam deputados do PCP
Os deputados Vicente Merendas e Fátima Amaral afirmam
num requerimento apresentado na AR que, na sequência dos acordos
de parceria com o Sair Group, a TAP tem vindo a perder a sua
imagem e identidade em mercados europeus, perdendo tráfego para
companhias concorrentes.
Considerando que a transportadora aérea portuguesa necessita de
uma aliança estratégica que potencie as suas capacidades, os
deputados do PCP ressalvam que, «na defesa do país, da empresa
e dos seus trabalhadores», o governo não deve subscrever um
acordo com a Swissair que leve «à completa absorção da TAP e
liquide assim, de uma só vez, as suas potencialidades».
Por outro lado, o requerimento alerta para os perigos do processo
em curso de segmentação da TAP em três empresas,
designadamente quanto à garantia de futuro da empresa e dos
direitos dos trabalhadores, com destaque para o emprego.
O PCP refere ainda a existência de um estudo técnico do
Conselho de Administração da empresa provando que a hipótese
da Air France era mais favorável que a Swissair, e sublinha que
esta última irá a curto prazo entrar numa aliança onde está a
Ibéria, o que retirará espaço de manobra à TAP, condicionando
a política de transporte aéreo e investimentos aeroportuários.