Despedimentos na «Nórdica»
Governo permanece passivo



A Comissão Concelhia de Vila do Conde do PCP está indignada com o despedimento de 260 trabalhadores da empresa Têxtil «Nórdica» depois de, há meia dúzia de anos, após um complicado «Processo Especial de Recuperação de Empresas e Protecção de Credores», ter despedido cerca de uma centena de trabalhadores.

Os comunistas temem também os reflexos destes despedimentos no seio das famílias dos trabalhadores e no próprio comércio tradicional da cidade, visíveis que são ainda os efeitos do encerramento de «Mindelo» e da «Prazol» que lançaram no desemprego cerca de um milhar de trabalhadores.
No final de Dezembro, a Nórdica devia aos trabalhadores três meses e meio de salários, incluindo o 13.º mês e os trabalhadores, muitos deles há dezenas de anos na empresa, foram forçados a despedir-se com justa causa, para poderem beneficiar de apoios sociais. A sua situação é, na opinião dos comunistas, «extremamente delicada», tanto mais que muitos deles, acreditando nas promessas de estabilidade do Governo, contraíram empréstimos para aquisição de casa.
Entretanto, as dívidas da Nórdica têm vindo a acumular-se, sendo que a dívida à Segurança Social excede largamente o milhão de contos e a EDP e a Telecom, no mês de Dezembro, cortaram o fornecimento de energia eléctrica e os telefones.
O Governo e os e os órgãos autárquicos de Vila do Conde continuam, porém, indiferentes à situação, que não fiscalizam, e permanecem passivos face ao avolumar de dívidas por parte do patronato. Mas os que «trabalham e sustentam o país» reclamam que, através da aprovação e aplicação da legislação em vigor, o patronato seja forçado ao cumprimento rigoroso das suas obrigações.
Por seu lado, a Comissão Concelhia de Vila do Conde do PCP, solidária com os trabalhadores da Nórdica, reafirmam a sua intenção de continuar a lutar para pôr fim à precariedade do emprego e alcançar mais justiça social.


«Avante!» Nº 1363 - 13.Janeiro.2000