Sindicatos de
Setúbal criticam acção do Governo
Ano
Novo começou
com políticas velhas
O aumento do desemprego no distrito vê-se no número
crescente de desempregados e na degradação da qualidade do
emprego, diz a União dos Sindicatos de Setúbal, apontando os
casos do grupo Valério, da Norporte, da Lusol, da Lisnave, da
Lear e da Montitec.
«O Governo do
Partido Socialista entrou no ano 2000 com a sua velha política,
aumentando os preços de serviçoes públicos essenciais muito
para além do que diz ser a inflação esperada», enquanto
«para os aumentos salariais dos trabalhadores da Administração
Pública os critérios já são outros», protesta a USS/CGTP-IN,
numa nota de imprensa que divulgou após a primeira reunião
realizada este ano pela sua Direcção.
A União coloca particular ênfase no aumento dos preços do
serviço universal de telecomunicações, a cargo da Portugal
Telecom, com a subida da assinatura mensal e das chamadas locais
em valores muito acima da inflação esperada. Refere ainda os
aumentos dos preços do gás para uso doméstico, das portagens
das autoestradas, e dos correios.
Aos trabalhadores do Estado, no entanto, o Governo propõe uma
actualização salarial em valor que apenas iguala a inflação
esperada, o que «é igual a dizer-se que os salários aumentam
menos que os preços e que iria aumentar o fosso em relação aos
salários médios da comunidade».
Ao patronato, seguindo critério diferente, o ministro da
Economia e das Finanças «promete descida dos impostos e,
certamente, mais uns milhões de benesses fiscais em sede de
Orçamento de Estado», nota a USS.
Os sindicalistas de Setúbal consideram haver condições para
que os trabalhadores desencadeiem lutas por melhores salários,
nomeadamente na Administração Pública. No quadro das acções
da CGTP por ocasião da Cimeira Europeia, em Março, a USS vai
realizar uma iniciativa «Pela qualidade do emprego, contra a
precariedade».
Para 10 de Março, está convocado o 6.º Congresso da União.
Desemprego
agravado
Apesar das
declarações oficiais de preocupação, no distrito «mantém-se
e agrava-se o problema estrutural do desemprego», salienta a
União, citando os números do Instituto do Emprego e Formação
Profissional, que «apresentam uma constante subida» após as
eleições de Outubro.
Para além das estatísticas, a USS sublinha que o crescimento do
desemprego se nota também no encerramento de empresas do grupo
José Valério, no arrastamento da situação da Norporte, na
intenção de despedimento colectivo na Lusol e nas declaradas
intenções do grupo Mello de reduzir postos de trabalho na
Lisnave e atacar direitos dos trabalhadores.
O caso da Lear Corporation, frequentemente apresentado
como exemplo de criação de emprego no distrito, é para a USS
«sintomático» de como se degrada a qualidade de emprego: A
Lear Corporation recebeu milhares de contos para se instalar em
Setúbal; obrigou-se a ter 4022 trabalhadores efectivos no final
de 2002 e a mantê-los até 2007; no final de 1999 tinha 2060
trabalhadores, dos quais cinco efectivos.
«Não satisfeita, iniciou um processo de despedimento de
contratados a prazo, em fim de contrato, ao mesmo tempo que ia
admitindo novos trabalhadores, a prazo, aos quais o IEFP para
três meses de formação, aproveitados pela empresa na
produção», denuncia a União. Na nota é apontado também o
caso da Montitec, como «mais um, de entre muitos exemplos
de utilização abusiva e ilegal de contratados a prazo»
A Direcção da USS acusa ainda o Governo de não abranger o
distrito com a declarada paixão pela Saúde, uma vez que
pretende encerrar os serviços do Hospital de Palmela a
partir da meia-noite e admite fechar o Hospital de Alhos
Vedros.