Para evitar
rupturas e melhorar serviços
PCP
quer mais formandos na saúde
A Assembleia da República deverá votar hoje o projecto de resolução subscrito pelo Grupo Parlamentar do PCP no qual se recomenda ao Governo que adopte um plano de emergência visando o aumento efectivo de formandos nas profissões da área da saúde. Debatidas faz hoje oito dias, as medidas preconizadas no projecto afiguram-se de extrema importância por forma a evitar que processos de ruptura venham a ocorrer face às actuais carências de recursos humanos no sector da saúde.
Para a bancada
comunista, como sublinhou no debate a deputada comunista Natália
Filipe, trata-se sobretudo de garantir que sejam assegurados os
«recursos necessários à prestação de cuidados de saúde à
população portuguesa, mantendo o nível de qualidade que está
internacionalmente reconhecido».
O ponto de partida para se perceber a importância desta questão
reside no princípio de que o desenvolvimento das políticas de
prevenção da doença e de promoção da saúde, para além da
construção de novas unidades hospitalares e centros de saúde,
carece obrigatoriamente de mais recursos humanos em quantidade e
qualidade.
Tanto mais que, em matéria de saúde, como salientou Natália
Filipe, «a evolução tecnológica não substitui
mão-de-obra». Pelo contrário, frisou, «exige maior nível de
qualificação e diferenciação técnica dos seus
profissionais».
Ora o que vem sucedendo desde há vários anos é que das
políticas adoptadas pelos diferentes governos - tropedeando o
dispositivo constitucional que imputa ao Estado o dever de
«garantir uma racional e eficiente cobertura de todo o país em
recursos humanos e unidades de saúde» - têm resultado
«situações de instabilidade laboral, precariedade de vínculos
e graves carências de profissionais de saúde».
«Décadas de subfinanciamento na formação de recursos humanos
conduziram às gravíssimas situações de carência de médicos,
enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica, entre
outros», lembrou a parlamentar comunista.
A tudo isto acresce, por outro lado, um injusto regime de acesso
ao ensino superior, que impede, num quadro de grave carência de
profissionais de saúde, que milhares de jovens acedam a uma
formação nesta área.
«E inadmissível que centenas de alunos com notas superiores a
18 valores não tenham sido admitidos nas Faculdades de Medicina
e que apenas tenha aumentado em cinco o número de vagas para o
actual ano lectivo», exemplificou Natália Filipe, que
considerou igualmente «inadmissível que, existindo estudos que
apontam para uma necessidade actual de pelo menos 10 mil
enfermeiros, o Governo tenha reduzido em 109 o número de vagas
de acesso a enfermagem no ano lectivo que está em curso».
Explicitando algumas das linhas essenciais preconizadas pelo PCP
para alterar este estado de coisas e incrementar um sistema de
saúde mais eficiente, Natália Filipe defendeu a abertura de
mais hospitais, centros de saúde e extensões, bem como a
remodelação das unidades existentes, o alargamento do
funcionamento de consultas e blocos operatórios dos hospitais em
função das necessidades das populações.
Para além do cumprimento dos programas de «saúde escolar»,
«planeamento familiar» e «vigilância de saúde», entre
outros, a deputada do PCP exigiu ainda o estabelecimento de um
novo e mais justo regime de acesso ao ensino superior e rápida
expansão do ensino superior público com a abolição do numerus
clausus.