Equador
Populares
exigem demissão do presidente
Depois de meses de protestos contra a política
neoliberal do presidente Jamil Mahuad, os movimentos da
oposição do Equador começam a ver o Governo ceder às
exigências. Na noite de domingo, Mahuad anunciou a demissão de
todo o seu gabinete, a fixação da cotização do dólar em 25
mil sucres e a «dolarização» da economia.
É o próprio
presidente que afirma que se trata da «maior crise da
história» do Equador, posição partilhada pela oposição, que
considera que as medidas agora anunciadas são insuficientes e
que «só beneficiam quem tem dólares e não os desvalorizados
sucres».
Os protestos vão continuar, apesar do estado de «emergência
nacional» que Jamil Mahuad decretou na passada quinta-feira. O
Equador está mergulhado numa greve geral, convocada pela maioria
das organizações do país, sem data para terminar. O objectivo
é exigir a renuncia do Governo, do Congresso e da Corte Suprema
de Justiça.
De um lado está Mahuad e a elite económica, do outro juntam-se
sindicatos, movimentos estudantis, empresas de transportes e
organizações de moradores. «Acreditamos num sistema de governo
que conte com a participação não apenas dos políticos, mas de
todos os sectores da sociedade, inclusive os militares», afirmou
o presidente da Frente Popular, Luís Villacís.
Este movimento propõe um novo modelo administrativo e
económico, longe das propostas neoliberais do executivo, que já
foi apresentado aos militares. «Não sabemos se as Forças
Armadas nos apoiarão, mas prometeram-nos estudar o plano de
governo alternativo que apresentamos», explicou Villacís.
A Confederação de Nacionalidades Indígenas, apesar de manter
distância dos protestos, partilha uma posição semelhante.
«Mahuad está acabado. Que venha depois dele uma pessoa que
saiba das necessidades do país e não de uns poucos», declarou
António Vargas, presidente da organização.
Entretanto, o Conselho de Almirantes e Generais das Forças
Armadas manifestou o seu apoio ao presidente Mahuad, apelando
para que a solução para a crise seja encontrada «dentro do
marco constitucional e democrático».
Desde que Jamil Mahuad assumiu o poder em Agosto de 1998, o
desemprego subiu 17 por cento e a taxa de pobreza passou para os
62 por cento. Na semana passada o sucre sofreu uma
desvalorização de 20 por cento.