CGTP critica orçamentos do Estado e da Segurança Social
O trabalho é que paga



O Governo mantém a injustiça fiscal, com um OE onde os trabalhadores pagam os impostos e as grandes empresas recebem centenas de milhões de contos de benefícios.


A Comissão Executiva da CGTP, que na segunda-feira analisou os orçamentos do Estado e da Segurança Social propostos pelo Governo, salientou que deve ser o OE a suportar os custos com o aumento das pensões do regime rural especial. Carvalho da Silva e Maria do Carmo Tavares disseram aos jornalistas, num intervalo antes do encerramento da reunião daquele órgão, que os aumentos são justos, mas não deve ser o Orçamento da Segurança Social, que vive dos descontos dos trabalhadores, a suportar o encargo de 38 milhões de contos que aquela actualização acarreta (7 mil escudos por mês, para mais de 400 mil pensionistas) – tanto mais, quando o Governo está a financiar a Segurança Social abaixo das suas obrigações. O regime dos agrícolas, referiram, já apresentava, nas últimas contas, um défice de quase 17 milhões de contos, que devia ser suportado pelo OE.
As contas da Segurança Social, no entanto, são apresentadas com atraso (neste momento são conhecidas as de 1997) e sem a desagregação das verbas, que permita um indispensável detalhe na análise. A CGTP gostaria de saber, por exemplo, onde foi o Governo buscar o dinheiro para cobrir os custos com o rendimento mínimo garantido, que ultrapassaram significativamente as previsões.
O secretário-geral da CGTP apelou a que a justa actualização das pensões agrícolas não seja usada com demagogia para escamotear um debate público e nacional sobre a Segurança Social e sobre o equilíbrio entre o valor das pensões e os descontos feitos ao longo da carreira contributiva.


Salários

A Comissão Executiva analisou ainda a política reivindicativa da CGTP, a evolução da contratação colectiva e, em especial, as negociações na Administração Pública, salientando a importância da greve convocada para amanhã pelo maior número de sindicatos de sempre – como sublinhou Paulo Trindade, também presente na conferência de imprensa. Carvalho da Silva exigiu que os governantes que, em particular, reconhecem a injustiça salarial na Administração Pública, assumam esse reconhecimento publicamente e adoptem as necessárias políticas, exigidas pelos trabalhadores. «Não há políticas sociais mais ajustadas, se não houver um crescimento significativo dos salários», disse o secretário-geral da CGTP.

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Carvalho da Silva hoje em Alqueva

O secretário-geral da CGTP está hoje no empreendimento do Alqueva, onde participa na reunião mensal do Secretariado Inter-Regional do Alentejo da central sindical. Manuel Carvalho da Silva encontra-se com os trabalhadores, durante a hora do almoço, e reúne também com a administração da EDIA.
Para ontem foi convocado, igualmente com a participação do dirigente da Intersindical Nacional, um plenário de trabalhadores das autarquias do concelho de Loures, no Pavilhão Paz e Amizade, que teve por principal objectivo preparar a greve nacional da Administração Pública, marcada para amanhã


Vimeca

Foi suspensa a greve convocada para ontem e hoje, na Vimeca Lisboa Transportes, pela uniformização das remunerações, diuturnidades, subsídio de refeição e outras matérias. As disparidades e injustiças, surgidas com a integração do pessoal da ex-Rodoviária de Lisboa, devem ser corrigidas aplicando o acordo de empresa da ex-RN, conforme decisão do Supremo Tribunal de Justiça – defendem as organizações representativas dos trabalhadores, que vão analisar as posições de abertura à negociação por parte da empresa. Uma comissão de utentes manifestou solidariedade ao pessoal da Vimeca e convocou mesmo uma concentração frente às instalações da empresa, em Queluz de Baixo, para ontem à tarde.


«Avante!» Nº 1368 - 17.Fevereiro.2000