PCP quer alterar
normas da AR
Melhorar
o debate político
O Grupo Parlamentar do PCP apresentou um projecto de
resolução com alterações ao regimento da Assembleia da
República. Melhorar o seu funcionamento, aperfeiçoando algumas
das regras actuais, tantas vezes por todos os partidos
criticadas, tal é, em síntese, o principal objectivo inscrito
nesta iniciativa legislativa.
Visado é sobretudo a ampliação e valorização do debate
político nas reuniões plenárias, conferindo simultaneamente
maior capacidade e eficácia à acção fiscalizadora da AR sobre
os actos do Governo e da administração pública.
Os deputados comunistas querem igualmente introduzir maior
vivacidade e melhor organização nos debates de perguntas ao
Governo, independentemente de nele estarem presentes o
Primeiro-Ministro ou os membros da sua equipa, buscando ainda uma
«adequada fundamentação e enquadramento de certos processos
legislativos».
Sem prejuízo de outras propostas que estão a formalizar em sede
do grupo de trabalho criado para a reforma do Parlamento, uma das
alterações agora avançadas prende-se com a ida do chefe do
Executivo à AR para responder às perguntas dos deputados. A
bancada do PCP entende que este acto deve assumir a forma de uma
verdadeira «sessão de perguntas» e não uma mera
declaração do Primeiro-Ministro - , com uma regularidade mensal
e um tempo máximo que não exceda os 90 minutos.
Outra das inovações diz respeito à habitual sessão de
perguntas dirigidas aos membros do Governo. O PCP quer que cada
sessão passe a ser reservada a um único departamento (ministro
e respectivos secretário de Estado), abrangendo todas as
matérias da responsabilidade dos governantes presentes.
Noutro plano, com o intuito de valorizar os plenários das
sextas-feiras, é proposto que aqueles tenham sempre um período
antes da ordem do dia (PAOD), vocacionado para perguntas ao
Primeiro Ministro e para debates de urgência, seguido por um
período de ordem do dia (POD) destinado a debater matérias como
apreciações parlamentares, acordos internacionais e petições.
De enorme alcance reveste-se, por outro lado, a proposta visando
permitir que a AR possa ouvir os altos quadros da administração
pública sem dependência de autorização hierárquica, o que é
encarado como uma forma de elevar o nível de responsabilização
desses altos quadros.
Realce merece ainda a proposta que confere à AR o direito de por
sua iniciativa e não apenas por iniciativa do Governo
realizar debates sobre assunto de relevante interesse
nacional de acordo com o articulado da Lei de defesa Nacional.
A votação pela Câmara de uma «moção de política
sectorial» após as interpelações ao Governo, dando assim a
estas um sentido conclusivo, é outra das medidas preconizadas
pelo Grupo comunista, que deseja igualmente ver justificados pelo
Governo todos os pedidos de autorização legislativa, bem como o
enquadramento das propostas de resolução sobre acordos e
convenções internacionais.