Serra das Minas contra monstro de cimento



Moradores da Serra das Minas, em Sintra, estão envolvidos numa luta pelo direito a manterem uma qualidade de vida que neste momento – e porque a argama$$a sobrepõe-se a tudo e todos, como denunciam em Manifesto enviado à Câmara de Sintra – vêem posto em causa.

Os moradores desta localidade decidiram organizar-se para impedir a construção, excessivamente próxima dos edifícios vizinhos, de um prédio de seis andares que, não respeitando o espaço legal, lhes viria retirar a luz e a privacidade.
Acresce que esta construção surge, subitamente, num terreno que estava destinado a espaço de lazer. E assim, como lembram os habitantes da Serra das Minas no documento dirigido à Câmara, «...em vez de um Pavilhão Gimnodesportivo ou um Parque de Lazer para as Crianças e Idosos vai nascer um monstro de cimento, transformando o espaço que se queria de lazer num caixote de cimento habitacional, não respeitando os afastamentos previstos por lei, num projecto sem bases lícitas nem programas para aquele apertado espaço; deixando sem qualquer privacidade os seus moradores e os dos prédio vizinhos».
A construção iniciou-se há duas semanas e, desde enão, os moradores já recolheram cerca de 300 assinaturas num abaixo-assinado que enviaram para a Câmara de Sintra e para o vereador do Urbanismo, Herculano Pombo.
A presidente da Junta de Freguesia de Rio de Mouro, da CDU, disse compreender as preocupações dos moradores, considerando que «estas situações só acontecem porque as Juntas não são consultadas pela Câmara no processo de loteamento ou na emissão de licenças».
Entretanto, os habitantes da Serra das Minas estão dispostos a prosseguir a luta. Sábado passado quase trezentas pessoas estiveram concentradas toda a manhã no local das obras. Segunda-feira, uma comissão de moradores voltou à obra, dirigindo-se depois para o gabinete de urbanismo da Câmara de Sintra, onde entretanto foi entregue o manifesto que aqui referimos.
Uma luta que é para continuar e em que se irá recorrer a diversas formas de pressão, nomeadamente pelo recurso à justiça. Pois os moradores desta localidade não querem que «os valores monetários envolventes» falem mais alto que «os valores humanos e morais».


«Avante!» Nº 1368 - 17.Fevereiro.2000