Açores 2000
Ano de
eleições regionais
Por José Decq Mota
As eleições para a Assembleia Legislativa Regional são, nesta Região, aquelas que motivam maior empenhamento das populações e campanhas eleitorais mais activas, extensas e preparadas.
O acto de estar em
causa a composição da Assembleia Legislativa Regional e
depender dessa composição a constituição do Governo Regional
e sabendo-se que os Órgãos de Governo Próprio da Região
Autónoma tem amplos poderes político-administrativos em
relação a quase todas as áreas da Administração Pública,
justifica plenamente esse interesse acrescido que tais eleições
motivam.
O presente ano é ano de eleições para a Assembleia Legislativa
Regional o que quer dizer que a actividade política específica
regional está especialmente intensa, mesmo da parte daqueles que
se esquecem da actividade política pública fora dos períodos
eleitorais.
O que é, porém, certo é que as próximas eleições para a
Assembleia Legislativa Regional serão importantes para a
evolução da situação desta Região Autónoma e para a
definição das orientações específicas que esta região
ultraperiférica e distante precisa para que possa trilhar, de
facto, um processo de desenvolvimento adequado.
As eleições regionais de 2000 são as primeiras que se realizam
sem que o PSD/Açores esteja a exercer o poder regional e terão
lugar quatro anos depois do PS/Açores ser responsável pelo
Governo Regional.
Em 1996 ganhou expressão político-eleitoral o descontentamento
social que o poder regional opaco e dominador do PSD/A foi
motivando e a luta democrática foi alicerçando e transformando
em força de mudança.
Entretanto passaram 3 anos e 4 meses e os novos titulares do
poder regional «caíram na tentação» de deixarem muito do que
criticavam à porta do Palácio de Santana. De facto o estilo
governativo administrativista e imperativo manteve-se em larga
escala, e a tendência clientelar e discriminatória que era
muito usada pelo PSD faz agora parte da prática do PS.
Evitar maioria absoluta do PS
Mas sendo verdade
que a forma de exercer o poder regional não teve grandes
alterações é principalmente verdade que as orientações
governamentais regionais ditadas pelo PS não tiveram
alterações significativas para melhor, em relação ao que
vinha de trás.
Facto positivo, que entretanto deve ser realçado, é o do actual
poder regional não assentar numa maioria absoluta parlamentar.
Situação igualmente positiva, mas claramente resultante do
facto de nos últimos anos não haver maiorias absolutas nem na
Assembleia da República, nem na Assembleia Legislativa Regional,
prende-se com a melhor resolução que alguns problemas
açorianos dependentes dos órgãos de soberania, têm tido.
De 96 para cá temos assim uma má governação regional, sem
projecto nem objectivos sólidos, temos uma melhor resolução de
problemas regionais no plano nacional (Lei das Finanças
Regionais e custo do transporte aéreo por exemplo) e temos uma
vida política específica mais viva e participada porque não
está sufocada por uma maioria absoluta, como aquela que existiu
nos Açores durante 20 anos.
Sem me preocupar, hoje, com análises mais profundas ou
detalhadas, convém dizer que uma das questões essenciais que
estão em jogo nas eleições deste ano é o de evitar que este
poder regional do PS venha a atingir a maioria absoluta na
Assembleia Legislativa Regional, pois se isso acontecesse seria
um rude golpe nas transformações sociais e políticas que
estão, para além da vontade do poder, em curso nesta sociedade
insular.
É também evidente que a forma democrática e útil de evitar
essa maioria absoluta é fazer com que haja na sociedade e na
Assembleia Legislativa Regional mais CDU.
Estas e outras questões destas nove ilhas dos Açores irão ter presença nestas notas a que chamei «Açores 2000» e que vão aparecer com alguma regularidade neste nosso «Avante!».