Os Congressos do Partido - II
PCP prepara resistência ao fascismo



Continuamos a dar aqui alguns apontamentos da história dos comunistas portugueses e do seu Partido. Congresso a Congresso, ao longo da já longa vida do PCP. Recordamos hoje o II Congresso, quando o golpe militar do 28 de Maio instaurou uma ditadura que iria durar 48 anos.

Os primeiros anos de actividade organizada do PCP coincidem com o ascenso, na Europa, de regimes fascistas. Em 1921, na Itália, Mussolini sobe ao poder; em 1923 é a vez de Primo de Rivera, em Espanha. Estes movimentos e as suas primeiras vitórias encorajam a grande burguesia portuguesa e surgem as primeiras organizações de cariz fascista - a Confederação Patronal que se propõe combater as greves com o terrorismo; a Cruzada Nun’Álvares, a União dos Interesses Económicos. Os sucessivos governos enveredam pelos caminhos da repressão.
Por seu lado, os trabalhadores resistem a essa política e nesses anos de 23 e 24 desencadeiam greves. Em Lisboa, a 13 de Fevereiro de 1923, po proletariado de Lisboa entra em greve contra a União dos Interesses Económicos, num movimento dirigido pelo PCP e pela Internacional Sindical Vermelha. Em 1924 desencadeia-se a greve dos trabalhadores dos Correios e dos Telefones, que se prolonga por 20 dias.
A luta é, porém, desigual, dada a fragilidade do movimento operário, ainda em grande parte dominado pelas ideias anarco-sindicalistas e pela sua prática oportunista. A CGT não se mostra à altura das tarefas político-sindicais do momento, enquanto a sua influência e organização decaem. O PCP e os núcleos da ISV, por seu lado, ainda não se encontram em condições de dirigir eficazmente a classe operária, apesar do esforço de organização levado a cabo e das numerosas publicações que edita, num grande esforço de propaganda.
O crescimento das lutas e o desenvolvimento do movimento operário e da sua consciência metem medo ao poder dos grandes capitalistas e agrários. Esmagar a oposição aos seus desígnios e sobretudo dominar os trabalhadores é o objectivo da grande burguesia, que organiza e faz executar o golpe militar do 28 de Maio de 1926. É neste contexto que se realiza o II Congresso do PCP.


O II Congresso

Convocado para 29 de Maio de 1926, em Lisboa, o II Congresso do PCP, que reúne com mais de uma centena de delegados, culmina um intenso labor político de todo o Partido, tanto nas acções de massas como a nível de organização e propaganda. Edita-se O Comunista, O Jovem Comunista, O Trabalhador Rural, entre outras publicações. Em 1924, o Partido tenta estabelecer com a CGT uma frente de unidade sindical contra o fascismo que aponta no horizonte, e defende uma a unidade de acção dos trabalhadores contra esta ameaça. Mas a unidade da classe operária está longe de se concretizar.
Os trabalhos do II Congresso têm início no dia seguinte ao do golpe militar que vai instaurar a ditadura fascista. Por isso mesmo, os trabalhos são interrompidos. E começa então a longa resistência, num momento em que, dada a debilidade da sua organização e dos quadros e a influência reduzida que o PCP possui mais difícil torna o combate contra o fascismo. A repressão e a caça aos comunistas começa. A sede do PCP é definitivamente encerrada em 1927. Não morrem porém nem os ideais nem a determinação de prosseguir a luta.


«Avante!» Nº 1369 - 24.Fevereiro.2000