Motoristas da Carris em luta



Foi convocada para ontem uma greve dos trabalhadores da Carris, em Lisboa, como protesto contra o aumento salarial de menos de 2 por cento proposto pelo conselho de administração da empresa, que, para a Federação dos Transportes (Festru), não repõe o poder de compra perdido, não considera os valores da inflação previstos nem respeita o aumento da produtividade.

«Ao conjunto de propostas devidamente fundamentadas pela Festru, o conselho de administração responde com um discurso já gasto e miserabilista em total bloqueio à negociação colectiva», acusa a federação.
As razões da greve prendem-se também com a redução do pessoal, que, para os trabalhadores, apenas tem resultado na redução do número de carreiras. A Festru adianta que devido a esta decisão chegam a ficar retidos em cada estação cerca de 40 autocarros, indispensáveis ao transporte do público.
Por outro lado, o volume de trabalho suplementar ultrapassa claramente os máximos permitidos por lei e constitui por si só a possibilidade de serem criados mais 400 postos de trabalho.
Os trabalhadores acusam ainda a Carris de pôr em causa um importante conjunto de direitos, nomeadamente com a contratação a termo, a alteração sistemática dos locais de rendição, a não aplicação correcta do prémio de produtividade e o não respeito pelos períodos de refeição.


Porto

Também os motoristas dos transportes colectivos do Porto estão em luta, exigindo uma distribuição de trabalho harmonizada e um serviço público eficaz. No dia 15, foi convocada uma greve que contou com a adesão de 98 por cento dos trabalhadores. Na próxima segunda-feira, realizam-se acções de luta e debate para avaliar a actual situação.



Greve na Petrogal


Os trabalhadores da refinaria de Sines da Petrogal iniciam na próxima quarta-feira uma greve de seis dias, num protesto contra o aumento dos salários em 2,4 por cento, decidido unilateralmente pela administração da empresa. Exigem ainda que seja respeitado o direito de negociação colectiva e que sejam resolvidos os problemas que têm conduzido à desvalorização profissional e salarial.
Durante esta semana decorrem plenários em outras instalações da Petrogal. A Fequimetal/CGTP admite a possibilidade de a greve abranger outros locais de trabalho.
Na sexta-feira, em plenário no Edifício Galp, foi reivindicado um aumento salarial de 10 mil escudos no mínimo. Os trabalhadores reclamam a negociação urgente de um Acordo de Empresa que abranja todo o pessoal da Petrogal e que inclua uma tabela salarial e um plano de carreiras de evolução profissional e salarial. Exigem ainda a instituição de uma gestão de pessoal transparente, que inclua claras delegações de competências e que ponha fim às arbitrariedades socio-profissionais existentes.


«Avante!» Nº 1369 - 24.Fevereiro.2000