Lista unitária promove abaixo-assinado entre os bancários
Imposto anti-social



O Governo quer que os trabalhadores da banca passem a pagar IRS sobre empréstimos destinados a habitação e saúde, para os quais conquistaram taxas mais favoráveis.


Esta pretensão está incluída no Orçamento do Estado de António Guterres e Pina Moura, o mesmo OE que propõe alargar os benefícios fiscais às empresas, contemplando com largos milhões de contos os banqueiros.
A Lista A, unitária, candidata aos corpos gerentes do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas nas eleições marcadas para 12 de Abril, expressou o seu veemente repúdio contra «mais este atentado do Governo do PS aos trabalhadores» e lançou um abaixo-assinado, dirigido ao primeiro-ministro, ao ministro das Finanças e aos grupos parlamentares, reclamando que intervenham para eliminar aquela proposta. «No sector bancário, cuja principal actividade é conceder crédito, os trabalhadores conquistaram empréstimos a taxas mais favoráveis, até para compensar as baixas actualizações salariais e a estagnação das suas carreiras profissionais», recorda-se no texto que circula nos diversos serviços e locais de trabalho dos bancos.
Numa nota de imprensa, que a lista encabeçada por Fátima Amaral distribuiu na semana passada, é criticada «a hipocrisia dos TSD e do seu presidente, que vêm criticar esta medida, mas estão aliados, para as próximas eleições, com a tendência socialista, que tudo faz para facilitar o desenvolvimento da política de direita do PS». Por outro lado, «não deixa de ser caricato que a tendência socialista, utilizando os sindicatos dos bancários, venha solicitar à UGT – que também tudo tem feito para facilitar o desenvolvimento da política de direita do PS, contra os interesses dos bancários – que "reflicta o descontentamento" daquelas organizações, junto do Governo», comenta a lista unitária, que vê tal atitude como uma tentativa de tapar o sol com a peneira.


Salários e lucros

A tendência unitária criticou fortemente o acordo dado pelos dirigentes sindicais do PS e do PSD aos aumentos salariais de 3,25 por cento, propostos pela Associação Portuguesa de Bancos. Os representantes patronais tinham começado por responder com 1,2 por cento, a uma proposta sindical aprovada pelos três sindicatos e que reclamava o 15.º mês para todos os bancários e um aumento de 5,72 por cento na tabela.
Afinal, «enquanto os banqueiros continuam a encher-se com muitos milhões de contos e lucros de 20, 50 e até mais de cem por cento, as tendências socialista e social-democrata acham que os bancários se devem contentar com 3,25 por cento», acusa-se num comunicado, notando que «mesmo esta percentagem seria inferior, não fora a persistência dos unitários, na Direcção do sindicato e na acção junto dos trabalhadores».
Sobre a matéria, a tendência socialista recusou convocar uma reunião geral de delegados sindicais e assumiu, com os seus novos aliados dos TSD, «uma vergonhosa atitude de fuga e de abandono dos bancários», tratando a proposta-base dos sindicatos como «mero expediente demagógico para enganar» a classe.
A lista unitária afirma que, mesmo que a proposta sindical fosse contemplada na íntegra, os salários continuariam a ser baixos e persistiriam grandes discriminações e arbitrariedades. E, acrescenta-se no comunicado, já há bancos que praticam tabelas superiores à que resultaria da proposta sindical e atribuem o 15.º mês, enquanto outros pagam, mas só a alguns funcionários, complementos que chegam a triplicar os valores que figuram na tabela do acordo colectivo de trabalho do sector.


«Avante!» Nº 1369 - 24.Fevereiro.2000