Inércia
do Governo
estimula violações laborais
O Grupo Parlamentar do PCP pretende que o Ministro do
Trabalho e Solidariedade vá ao Parlamento para esclarecer o
comportamento do Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das
Condições de Trabalho (IDICT). Em causa está a inoperância
deste organismo face às constantes violações dos direitos dos
trabalhadores ocorridas em várias regiões, designadamente no
distrito de Braga.
O não cumprimento
da legislação de trabalho, bem como o aumento da precariedade
das relações laborais constituem exemplos da situação que
caracteriza o mundo laboral, assinalam Odete Santos e Vicente
Merendas na carta em que solicitam a realização da audição
parlamentar, para a qual requerem igualmente a presença do
responsável do IDICT e da União dos Sindicatos de Braga.
Reportando-se a factos chegados ao seu conhecimento no decurso
das Jornadas Parlamentares do PCP realizadas em Guimarães, os
deputados comunistas lembram concretamente que a liberdade de
contratação colectiva é condicionada, quando não mesmo
aniquilada, pela inércia da Inspecção de Trabalho, que,
deixando impune as violações de direitos, enfraquece o poder
negocial dos trabalhadores.
Vicente Merendas, Em declarações ao «Avante!», assinala ainda
que no sector da construção «quase não há obra em que não
existam trabalhadores ao dia e à hora». Por outro lado,
observa, é frequente nas grandes obras a existência de várias
equipas de subempreiteiros onde a relação de trabalhadores que
apresentam à empresa contratante não corresponde à identidade
dos trabalhadores presentes na obra. Acresce que mais de 60 por
cento deste trabalhadores ao serviço dos subempreiteiros não
estão inscritos na Segurança Social nem dispõem de qualquer
seguro.
Escandalosa, no entender de Vicente Merendas, é ainda a
impunidade com que agem os patrões, afirmando mesmo que a
«cumplicidade é tanta que as empresas clandestinas são
conhecidas e identificadas», mas a Inspeção Geral de Trabalho
não actua. «Aqui acusa -, o Governo tem grandes
responsabilidades».