Ford
despede
1500 trabalhadores
A multinacional norte-americana Ford anunciou a
semana passada o despedimento de 1500 trabalhadores britânicos
em consequência do encerramento de parte da sua produção em
Dagenham, no noroeste de Londres.
O pretexto invocado
é a necessidade de combater o excesso de produção, calculado
entre 25 e 30 por cento, e a perda de lucros na Europa. De acordo
com o presidente da Ford Europa, Nick Scheele, «com um único
turno trabalhando cinco dias por semana, Dagenham poderá no
futuro responder à procura de unidades com o volante à
direita». A empresa, que até à data contava com um total de
cerca de 8000 trabalhadores, trabalha essencialmente para os
mercados britânico e irlandês.
O encerramento de parte da produção na Grã-Bretanha constitui
a primeira fase de um plano para reduzir os custos da Ford na
Europa. Segundo a empresa, os lucros registaram em 1999 uma
quebra de 28 milhões de dólares, contra os 193 milhões de
dólares registados no exercício do ano anterior, apesar de um
aumento da facturação.
Os sindicatos britânicos reagiram com amargura a mais este golpe
contra o sector automobilístico. «Precisamos de saber se existe
uma ameaça real de encerramento no futuro. Pelos vistos é mais
fácil e barato despedir os empregados britânicos do que os do
resto da Europa, mas não estamos dispostos a que nos tratem de
forma injusta ou desproporcionada», afirmou um dirigente
sindical, Tony Woodley. Na decisão da Ford terá pesado a
produtividade de Dagenham, inferior a outras unidades, bem como a
valorização da libra (que terá provocado um aumento dos custos
em cerca de 28 por cento) e o aumento das tensões laborais,
embora Scheele afirme que «a procura é o factor prioritário na
nossa decisão, a posição da libra e as relações industriais
são secundárias».
As perspectivas de futuro são ainda incertas, e segundo Nick
Scheele só daqui a alguns meses será possível ter uma visão
global da situação a nível europeu. Não é no entanto de
excluir que venham a ser encerradas unidades noutros países,
designadamente em Portugal.