Até final de 2001, as barracas têm fim contado em Lisboa
Pensar no pós-realojamento


Dentro de dois anos, serão mais de 40 mil os fogos de propriedade da Câmara de Lisboa, que assim se torna o maior proprietário da Cidade. O PCP, membro da Coligação que governa a capital, apoia esta dinâmica e fez um balanço da construção de casas de realojamento.

No sábado, 26 de Fevereiro, as questões da habitação em bairros municipais e em bairros de realojamento foram objecto de uma jornada de trabalho político e de contacto com as populações de três bairros, cada um dos quais correspondendo a um tipo de situação em matéria habitacional. A Boavista é um bairro municipal que precisa de equipamentos e arranjo de espaços exteriores e de transportes e outros serviços. O Bairro do Armador é de construção recente e ainda está em obra. O Bairro do Condado é uma zona consolidada, em fase de obras de reabilitação, a precisar de recuperação de habitações.
Na visita, foram considerados os avanços dos processos de realojamento, com o fim anunciado das barracas em Lisboa até final de 2 001, vitória da Coligação sobre o atraso social do país neste sector.
Martinho Baptista, da Organização da Cidade de Lisboa (OCL), responsável pela iniciativa, esclarece: «Não basta construir as casas e trazer as pessoas para a nova situação. É preciso pensar no pós-realojamento, na concretização dos equipamentos e serviços previstos, na inserção, na concepção de bairros integrados, nos quais pessoas de vários estratos possam conviver, de modo a não se criarem guetos. Ou então corre-se mais um risco de exclusão social, mesmo que isso ocorra em casas de alvenaria».
Mas a questão central em termos políticos passa pela análise das causas da exclusão social: «É preciso mudar de políticas nacionais, sobretudo com a criação riqueza e de empregos estáveis».
«Agora, julgamos que se chegou a outra fase, que é a de se pensar no pós-realojamento. Chegou a altura de entrar decididamente pela construção e funcionamento dos equipamentos sociais que cabem ao governo, tal como está acontecendo por parte da câmara nas matérias da sua responsabilidade. É esse o debate que já estamos a fazer neste momento».


«Avante!» Nº 1370 - 2.Março.2000