O Fórum de S. Paulo rejeitou o neoliberalismo como processo de desenvolvimento
Buscar e construir alternativas


Sob o lema «A esquerda face ao novo século... a luta continua», reuniu-se, entre 19 e 21 de Fevereiro, em Manágua, o 9.º Encontro do Fórum de S. Paulo, onde 48 partidos e organizações de 18 países latino-americanos avaliaram os 10 anos que decorreram desde a criação do Fórum, rejeitando, tal como então, que «o neoliberalismo possa constituir um processo de desenvolvimento».

Os debates durante o Encontro e nos Seminários que o precederam (sobre mulheres, juventude, empresários, educação, actividade parlamentar, movimentos sociais, etnias e religiões), avaliando dificuldades e sucessos deste processo, concluíram que «a realidade da última década demonstrou os limites do modelo neoliberal e a sua incapacidade para resolver os problemas da humanidade», apontando «que no século XXI, a esquerda se apresenta como uma real alternativa de poder popular».
Assim o afirma a «Declaração de Niquinohomo», localidade e dia simbolicamente escolhidos, pelos sandinistas, para aprovar as conclusões deste encontro. Foi na terra natal de Augusto César Sandino, revolucionário nicaraguense, que no 66.º aniversário do seu assassinato, Daniel Ortega, após a leitura da Declaração do Encontro do Fórum de S. Paulo, se dirigiu aos milhares de pessoas que aí se manifestaram e concentraram para se referir às actuais tarefas da FSLN.
A presença nesta manifestação de encerramento, e nos trabalhos do Fórum, de delegações de 20 partidos de 15 países da Europa, Ásia e África, testemunha a solidariedade internacionalista para com este inédito processo de cooperação dos partidos e organizações de esquerda da América Latina e Caríbe.

PCP solidário

O PCP, que se fez representar neste Encontro por Manuela Bernardino, membro do Comité Central e da Secção Internacional, dirigiu uma saudação ao Fórum, num dos seus plenários. Aí se reafirmou a solidariedade para com «o valioso e original espaço de debate e troca de experiências políticas que o Fórum constitui», considerando-o «um processo rico na diversidade das suas componentes e na disponibilidade para buscar e construir alternativas às políticas neoliberais que tão dramaticamente afectam a vida dos povos da região».
Referindo-se ao carácter explorador e agressivo do imperialismo, a saudação do PCP condenou a guerra na Jugoslávia e, como violação de aspectos elementares do direito internacional, colocou na ordem do dia a sua revisão como «um objectivo do imperialismo para assim legitimar a sua política de domínio mundial». Ao saudar a luta dos movimentos sociais, das forças de esquerda latino-americanas e Cuba socialista, a mensagem do PCP valorizou o contributo do Fórum de S. Paulo para o aprofundamento da solidariedade entre as forças políticas de esquerda e progressistas de todo o mundo.


«Avante!» Nº 1370 - 2.Março.2000