Dois mil
carteiros paralisam
Greve
nos Correios
Hoje e amanhã não há distribuição de correio em mais de cem locais de trabalho dos CTT, situados em cinco distritos. A luta pode alastrar a todo o País.
As reivindicações
dos trabalhadores, já há muito expostas à administração dos
CTT e aos responsáveis de vários centros e postos, têm a ver
com a elevada sobrecarga de trabalho. Exigem a definição de
horários contínuos, que mais não é que a aceitação pela
empresa «daquilo que já fazem na prática», mantendo-se ao
serviço «muito mais tempo que o seu horário de trabalho»,
refere o SNTCT/CGTP. Reclamam «a efectiva redução» dos
horários, que já foi negociada mas que «a empresa não quer
aplicar, por falta de pessoal e por má gestão dos recursos
humanos». Os carteiros são forçados a abdicar dos intervalos
para descanso, «para evitar acidentes de serviço e roubo de
correspondências», e têm que «parar para tomar refeições em
locais onde só há montes, quintas, estradas».
O sindicato salienta que esta luta, nos distritos de Coimbra,
Faro, Lisboa (excepto cidade), Santarém e Setúbal, tem
igualmente por objectivo «servir melhor os utentes e clientes,
para que o correio chegue mais cedo ao seu destino», e poderá
alastrar a todo o País, se a administração não responder às
reivindicações.
Hotéis
O Sindicato da
Hotelaria do Sul iniciou anteontem, no Sheraton, uma
série de acções junto de unidades hoteleiras que são
propriedade de membros da direcção da associação patronal do
sector, a qual «teima em querer liquidar o contrato colectivo de
trabalho, esvaziando-o dos principais direitos». A situação
vai ser denunciada aos clientes, num comunicado trilingue. O
sindicato denunciou ainda o facto de, nas principais unidades
hoteleiras da região de Lisboa, as administrações não estarem
a responder positivamente aos cadernos reivindicativos dos
trabalhadores.
No Penta, foi convocada greve para hoje, devendo paralisar
outras unidades, até dia 23 de Março.
Portucel
Falsas medidas de
reestruturação na Portucel Industrial, em Cacia, estão na
origem da greve que os trabalhadores decidiram levar a cabo na
próxima segunda-feira, dia 6, caso a administração não dê
«respostas claras e positivas» para que os seus direitos e o
futuro não seja postos em causa. Tendo presente o processo de
constituição, em 1994, da Sacocel (que está em vias de
encerramento), os trabalhadores vêem com legítima apreensão
que a cerca de 80 pessoas seja imposta a transferência para a
CPK, constituída pela Portucel Industrial e por esta detida a
cem por cento.
Estas medidas «mais não visam do que facilitar a privatização
e a alienação de património empresarial público, sem
garantias de que direitos e interesses dos trabalhadores sejam
devidamente respeitados e acautelados, nem de que haverá
modernização e rentabilização de todos os recursos da
própria unidade fabril», acusa o Sindicato das Indústria de
Celulose, Papel, Gráfica e Imprensa.