Os mineiros têm razão


Os mineiros de Aljustrel estiveram ontem em greve. Na origem da luta está a defesa do contrato colectivo do sector e a falta de resposta aos trabalhadores, por parte das administrações das Pirites Alentejanas e da Empresa de Desenvolvimento Mineiro, no que respeita aos aumentos salariais, às novas admissões e ao ritmo e condições para a extracção de minério.

Segundo declarações de um dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira à Agência Lusa, os trabalhadores exigem também «saber o que é que está a ser feito para a reabertura das minas de Aljustrel, visto que se estão a realizar prospecções e amostras no terreno», e uma resposta quanto à clarificação do papel do Estado na gestão e controlo da exploração. «Não sabemos o que está a ser preparado», criticou o dirigente sindical, desconfiando das intenções do Estado.
O Estado pode estar interessado em privatizar as Pirites Alentejanas, alerta, admitindo que a intenção da EDM alienar parte ou a totalidade do capital que detém na Somincor (Neves Corvo) poderá estar «interligada com uma mesma decisão para as minas de Aljustrel».
A Direcção da Organização Regional de Beja do PCP, que está a acompanhar com preocupação o processo desencadeado pela anunciada venda do capital da multinacional Rio Tinto, solidariza-se com os mineiros de Aljustrel e de Neves Corvo e defende que qualquer decisão que venha a ser tomada pelo Governo para Neves Corvo deve assegurar a participação maioritária do Estado, garantir o futuro da empresa e salvaguardar os postos de trabalho.
O PCP chama, por fim, a atenção do Governo e da opinião pública para as denúncias feitas pela Comissão Europeia e pela World Wildlife Fund for Nature em relação aos problemas ambientais existentes nas baías de retenção de resíduos de metais nas minas de Aljustrel e de Neves Corvo.


«Avante!» Nº 1370 - 2.Março.2000