Da Guarda ao
Minho, agricultores protestam
contra invasão de produtos estrangeiros
Batata
nacional está a apodrecer
A agricultura familiar continua a debater-se com graves problemas, sobrevivendo com dificuldade. Uma situação contra a qual protestaram nestes dias os agricultores de Aguiar da Beira e do Minho.
Milhares de
toneladas de batata correm o risco de apodrecer em casa dos
agricultores de Aguiar da Beira e de outros concelhos do
distrito, enquanto o mercado continua a ser invadido pela batata
espanhola. Esta uma das questões que levou mais de mil
agricultores, acompanhados por mais de cem máquinas a
agrícolas, a manifestarem-se esta segunda-feira frente à
Câmara Municipal local.
A manifestação, convocada pela Associação Distrital de
Agricultores da Guarda (ADAG), aprovou uma moção reivindicando
a intervenção do Governo no escoamento da batata na posse dos
produtores, situação gerada pela invasão do mercado nacional
por batata espanhola, «fazendo cair o preço e o interesse dos
comerciantes no nosso produto».
Os agricultores exigem a atribuição de subsídio «para
embalagem e comercialização ou armazenamento, tal como está a
ser reclamado em Trás-os-Montes», atendendo a que «o Governo
não pode atribuir subsídios à produção».
A Carta Reclamativa refere que esse apoio não deve ser
inferior a 30 escudos/quilograma, para a batata da colheita de
1999, preconizando que o Governo e os representantes dos
agricultores devem negociar com as grandes superfícies
comerciais «a preferência e obrigatoriedade de gastarem batata
nacional» e só depois de esgotada esta, «optarem pela
estrangeira».
Os manifestantes reclamaram ainda a fixação pelo Governo de um
preço de intervenção para o centeio, actualmente «sem
qualquer procura e locais para entrega que substituam as antigas
funções da desmantelada EPAC».
Sobre a produção de leite, o documento afirma que se continua a
assistir a «uma política nacional e comunitária manifestamente
contrárias aos produtores da região» devido a uma «cada vez
maior pressão para o resgate de quotas, baixa de preços e à
liquidação de muitas explorações familiares».
A moção, entregue na Câmara Municipal local, reclama ainda a
revisão da Política Agrícola Comum (PAC) e a «defesa pelo
Governo português em Bruxelas de medidas concretas que tenham em
conta as particularidades da agricultura portuguesa, sobretudo a
de tipo familiar».
Idêntica posição foi assumida relativamente à necessidade de
baixa dos custos dos factores de produção, das máquinas
agrícolas e do crédito bancário, que é considerada como
«condição fundamental para a modernização da agricultura e
sua competitividade».
Agricultores
do Minho
querem apoios
Os muitos problemas
com que se debatem os agricultores do Minho são esmiuçados, em
nota à imprensa, pela Associação de Defesa dos Agricultores do
Distrito de Braga (ADADB).
No documento, a Associação exige do Governo que «crie as
condições necessárias para responder às necessidades e ajudar
a lavoura a debelar a crise e assegurar a manutenção das
explorações agrícolas familiares», começando por alterar a
política de distribuição de subsídios, «de forma a ajudar
quem realmente deles precisa».
Entre os sectores em que se fazem sentir maiores problemas, a
ADADB salienta a sanidade animal e as explorações leiteiras.
A invasão do mercado nacional por produtos estrangeiros, as
elevadas taxas que os agricultores têm de pagar à Segurança
Social «por não se ter em conta os seus verdadeiros
rendimentos», a centralização de serviços «que na prática
pode significar acabar com muitos dos existentes», são outras
das questões referidas.