Protestos em Nova Iorque
A absolvição dos quatro polícias norte-americanos
que 4 de Fevereiro de 1999 dispararam 41 tiros contra Amadu
Diallo, um imigrante guineense de 22 anos, junto à porta da sua
casa no Bronx, trouxe de novo às ruas de Nova Iorque os
protestos contra a discriminação racial de que é vítima
grande parte da população dos EUA.
O protesto pacífico
das cerca de três mil pessoas que na noite de sábado desfilaram
pela Quinta Avenida exigindo «Justiça para Amadu» acabaram em
confrontos quando as forças da ordem impediram os manifestantes
de avançar para o centro de Manhattan. Cerca de 90 pessoas foram
presas.
Mais calma foi a manifestação em frente da sede da ONU, onde
2000 pessoas fizeram igualmente ouvir os seus protestos.
Os quatro polícias (todos brancos), foram ilibados sexta-feira
por um júri público, em Albany, composto por doze jurados (sete
homens brancos, uma mulher branca, e quatro mulheres negras). O
júri considerou que os polícias agiram em legítima defesa
quando dispararam 41 tiros sobre Diallo, suspeito de transportar
uma arma. Na verdade, o jovem guineense, ao ser interpelado pela
polícia, levou a mão ao bolso para tirar uma carteira com a sua
identificação, e não transportava qualquer arma.
Equívocos
A brutalidade da
reacção policial não impressionou os jurados, que no entanto
se mostraram sensíveis às alegações dos polícias e
respectivos advogados. Segundo estes, «tratou-se de um terrível
equívoco», e justificaram os 41 disparos dizendo que pensaram
que o suspeito se preparava para abrir fogo.
A família de Amadu Diallo e os seus advogados anunciaram ir
agora recorrer à justiça federal para tentar obter a
condenação dos quatro polícias por violação dos direitos
cívicos do jovem assassinado, mas entretanto o caso voltou a
fazer subir a tensão social, cimentando a convicção de que
«nunca, nem durante um século, um chúi será preso [nos
EUA] por matar um negro», como afirmou para as câmaras de
televisão um manifestante.
No mesmo dia em que foram absolvidos os quatro polícias, o
departamento de estado norte-americano divulgou o seu relatório
anual sobre os direitos humanos no mundo, particularmente
crítico para a China. As autoridades de Pequim reagiram acusando
o governo dos EUA de não prestar atenção «à suas próprias
violações dos direitos humanos», mas de interferir «sempre
nos assuntos internos dos outros países».