Contra a pobreza e a violência
8 de Março comemorado em todo o país



As comemorações do Dia Internacional da Mulher têm este ano a marca de uma grande iniciativa a nível internacional - a Marcha Mundial de Mulheres Contra a Pobreza e a Violência.
2000 boas razões para marchar, é o lema deste movimento contra a pobreza e a violência que, em Portugal, se assume como uma iniciativa unitária para Transformar a vida. Construir a igualdade.

Dia 8 de Março, a Marcha inicia-se por todo o mundo, com diversas acções definidas pelas organizações aderentes em cada país.
Em Portugal, cerca de 200 personalidades irão participar numa conferência de imprensa em que será lançado o abaixo-assinado dirigido ao secretário-geral das Nações Unidas. Um número simbólico que, em 7 de Outubro, dias antes do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, deverá ascender aos 2000.
Neste momento já são quarenta e duas as organizações que integram a Plataforma Nacional. Um movimento que tenderá a crescer, em torno de exigências comuns - contra a precaridade e a discriminação no mundo do trabalho; contra a pobreza e a exclusão social; contra todas as formas de violência doméstica; contra o aborto clandestino; contra todas as formas de discriminação: pelo direito ao desporto em igualdade; contra a prostituição e tráfico de seres humanos.
A adesão aos objectivos de luta da Marcha Mundial tem como base a similitude de problemas e prioridades, a denúncia de políticas governamentais que «têm favorecido o neoliberalismo e opções económicas geradoras de desemprego, discriminação, precaridade e exclusão social».
Particularmente significativo é que as mulheres da Europa, apesar de viverem em países dos mais ricos, decidiram manter como prioridade os temas da pobreza e violência, pois também nos seus países a situação da maioria das mulheres não para de se degradar, fruto da desregulamentação económica, do desemprego, precaridade e exclusão social.
Igualmente significativo é que no encontro realizado o mês passado em Genebra, cinco anos volvidos sobre a conferência de Pequim, o principal passo positivo, então destacado, seja o papel desempenhado pelas organizações não-governamentais na sensibilização da opinião pública em prol da igualdade e dos estatutos das mulheres.

Muitas outras iniciativas

Muitas outras iniciativas terão lugar um pouco por todo o país, nalguns casos ligadas também à implementação da Marcha.
No dia 8 de Março, Movimento Democrático das Mulheres - MDM irá promover diversas formas de comemoração, nomeadamente pela distribuição de documentos e flores ou realização de jantares-convívio, nalguns casos com animação cultural, nomeadamente na Marinha Grande, Lagos, Baixa da Banheira, Barreiro, Setúbal, Aveiro, Almeida, Guarda.
Em Grândola, e com a colaboração de câmaras municipais, terá lugar um encontro regional. Sob o lema Alentejo marcha contra pobreza e violência, será então lançada a Marcha Mundial das Mulheres 2000.
O MDM de Évora vai organizar um concurso de fotografia sobre a pobreza e a violência.
Em Lisboa haverá distribuição de documentos à população, durante a manhã. À tarde, um grande cordão humano irá juntar gente do Barreiro a Setúbal.
O movimento sindical está também representado nestas e noutras iniciativas.
A CGTP-IN tem para distribuir 70 mil desdobráveis. Debates e conferências são outra das formas que as comemorações irão assumir, envolvendo temas como Direitos e igualdade, em Castelo Branco, A violência no trabalho, em Coimbra, Igualdade de oportunidades, salário digno e emprego, em Viana do Castelo. A JCP/Porto promove um debate sobre O papel da mulher na sociedade.
Em Lisboa, os metalúrgicos vão realizar visitas e distribuir 4000 cravos e postais em 60 empresas.
No Algarve, estão previstas diversas iniciativas em Faro, Silves e Lagos.
Um breve e incompleto apanhado das múltiplas realizações que terão lugar por todo o país.


«Avante!» Nº 1370 - 2.Março.2000