Identidade
e distinção

Nestas conversas com militantes e leitores do nosso jornal que, a propósito do aniversário do «Avante!», da remodelação que já foi introduzida e da campanha de divulgação em curso, se desdobram pelo País, surge, raramente, uma ou outra opinião a propor uma maior identificação do órgão central do PCP com outros jornais de expansão nacional. Identificação no aspecto, sobretudo, mas ainda na escolha dos «temas» a tratar: São opiniões que, como todas as outras, vamos apontando, do mesmo modo como não temos deixado de registar a concordância geral dos leitores, que nessas reuniões participam ou nos escrevem, com as linhas mestras desta remodelação.

Se nos surpreendesse o Partido que temos também nos surpreenderia a «raridade» da opinião que, de quando em quando, ainda surge a dizer que devíamos ser «mais como os outros» para sermos, eventualmente, mais lidos. O certo é que, mesmo sem recurso a elaboradas contas, se constata entre os leitores do «Avante!» interessados na sua divulgação para além das «fronteiras» do Partido, uma vontade forte de que o nosso jornal se distinga de todos os outros pelo que, na realidade, é – o órgão central do Partido Comunista Português.

Só quem conhece menos a organização e os militantes que, de Norte a Sul, em diferenciadíssimas condições, participam na luta política e se habituaram a contribuir democraticamente para a escolha dos caminhos a seguir e das tarefas a realizar, poderia surpreender-se com essa vontade acrescentada de identificação própria que a maioria dos comunistas deseja para o seu Partido e para o jornal do seu Partido. E só os menos atentos à campanha de intoxicação que vai por aí em relação ao rumo que o PCP deve tomar poderiam, por outro lado, estranhar a inquietação de muitos - que iria trazer de novo o nosso «Avante!» que pudesse pôr em causa as causas, os valores e os princípios?

Compreende-se, no entanto, a preocupação – cada vez mais rara, como anotamos – de não permitir que a identidade possa vir a transformar-se numa espécie de «ghetto da diferença», e por isso mesmo o «Avante!» se abre a uma grande variedade de temas e enriqueceu substancialmente o número e a qualidade das colaborações. Mas não teremos de ir a reboque dos títulos e dos «factos» a que outros se obrigam. Se assim não fosse, estávamos ainda agora a falar apenas de Viseu. — Leandro Martins