Enquanto o
Eurocorpo testa forças no Kosovo, os governos tentam convencer
as opiniões públicas
da necessidade de novas contribuições para a defesa
Força militar em marcha
Os ministros da Defesa da União Europeia reunidos em Sintra traçaram como objectivo principal da União a criação de uma força de intervenção rápida com 60 mil homens até 2003, mobilizável em 60 dias.
Durante a reunião
informal realizada na segunda-feira, os Quinze acordaram as
linhas gerais do controlo de crises regionais e humanitárias no
eixo euro-atlântico, que passam pela criação de uma força
militar que poderá actuar em missões de paz, ajuda e resgate, e
como uma força de intervenção rápida, gozando se necessário
do apoio político e logístico dos Estados.
Esta força deverá estar capacitada para permanecer pelo menos
um ano nos teatros de crise e terá carácter rotativo,
envolvendo um total 200 mil efectivos. Caberá aos
países-membros da UE decidirem quantos soldados e que meios
podem disponibilizar, de acordo com as metas a atingir,
prevendo-se que ainda este ano se realize a primeira conferência
sobre as contribuições, já que sobre esta matéria não foi
possível chegar a consenso.
A este propósito o ministro português da Defesa, Castro Caldas,
vincou a necessidade de convencer as opiniões públicas e
parlamentos do imperativo de reforçarem os respectivos
orçamentos de defesa, numa percentagem até 0,8 por cento do
Produto Interno Bruto (PIB). Sobre a mesa ficou a possibilidade
de parcerias entre países para prestarem a sua contribuição,
com base em critérios de convergência - semelhantes aos
seguidos na adesão ao Euro.
Vista como parte de um leque de sanções que a UE pode adoptar
contra um terceiro país, começando pelas diplomáticas e
passando pelos embargos ao comércio externo, a força militar
entrará no terreno para interposição, visando resolver o
conflito e precipitar negociações.
As áreas operacionais são prioritariamente dentro e em redor da
Europa, embora os membros da UE ponderem a necessidade de terem
reservistas para operações de envergadura mundial, ou de menor
escala.
A força europeia poderá contar com meios logísticos da
Aliança Atlântica, mas sem se substituir à organização, que
continuará a garantir a segurança colectiva da Europa.
Para a tomada das decisões políticas entrarão em funções um
Comité Militar (CM), formado por responsáveis europeus de
Defesa com a responsabilidade do planeamento; um Comité
Político e de Segurança (CPS) que dará a orientação
política em matéria de segurança, contando ambos com uma
equipa de peritos militares em estratégia com sede em Bruxelas.
O teste é no Kosovo
Como fez questão de
salientar o Alto Representante da UE para a Política Externa e
de Segurança Comum (PESC), Javier Solana, a UE «não está a
jogar só no papel» e que a próxima rotação de forças no
Kosovo (com o envio de militares do Eurocorpo) permite constatar
que os europeus pretendem concretizar «no terreno» as
convergências políticas no seio da União. Essa rotação de
forças «será um teste à capacidade europeia» no domínio
militar, assinalou o ministro Castro Caldas. Para o Kosovo
partirá em breve uma primeira «guarda-avançada» do
«eurocorpo» com 80 homens, aos que se reuniräo,
progressivamente, mais três centenas de militares
Entretanto ficaram agendadas diversas reuniões para prosseguir e
aprofundar os trabalhos do encontro de Sintra. A 20 de Março
reúne-se o Conselho de Assuntos Gerais com a participação dos
ministros da Defesa, e para o segundo semestre deste ano ficou
acordada a realização de uma nova reunião informal de
ministros da Defesa da União, disse Javier Solana.