Lutas convergem
para 23 de Março
Construção
civil
pára na terça-feira
O comportamento patronal levou a estrutura sectorial da CGTP a convocar greves na construção e madeiras, para dia 14 e para o primeiro dia da Cimeira Europeia.
O direito à livre negociação, salários justos, redução do
horário de trabalho, condições de higiene e segurança e
«trabalho com vida» são os objectivos apontadas no pré-aviso
de greve, entregue na semana passada pela Federação Nacional
dos Sindicatos da Construção, Madeiras, Mármores e Materiais
de Construção. As paralisações de 24 horas, a 14 e 23 de
Março, abrangem todo o pessoal dos sectores da construção
civil e obras públicas e das madeiras, e foram decididas em
plenário nacional de sindicatos, a 29 de Fevereiro.
Aumentos salariais médios de 1750 escudos por mês (58 escudos
por dia), aumento de 25 escudos no subsídio de almoço e a
imposição generalizada do «balão» para controlo do álcool
pelos encarregados de obra (que ficaria com poderes para
suspender qualquer trabalhador) são propostas dos representantes
patronais que estão «desfasadas da realidade sectorial» e são
«lesivas dos interesses dos trabalhadores». Estas posições
levam o Sindicato do Sul a acusar o patronato da construção
civil e obras públicas de ter inviabilizado as negociações
do contrato colectivo. Em comunicado, o sindicato apela à
paralisação de todos, «quer sejam portugueses ou imigrantes».
Também no sector das madeiras, o patronato mantém «uma
posição de intransigência», insistindo em aumentos salariais
de dois por cento, que se traduziriam numa média mensal de mais
1300 escudos, «valor que significa uma autêntica vergonha e
desprezo pelos trabalhadores», diz o Sindicato do Sul. No
folheto em que dá nota dos resultados das negociações do
contrato, o sindicato refere ainda as propostas patronais de «um
mísero aumento, de dez escudos por dia», no subsídio de
almoço, e de redução do período de trabalho nocturno, que
passaria a iniciar-se só às 22 horas. O sindicato apresentou um
estudo demonstrando que os salários médios praticados nas
empresas já se encontram bastante acima dos mínimos
contratuais, o que confirma que «as propostas sindicais são
perfeitamente exequíveis».
Acção nacional
Estruturas sindicais
de diversos sectores também já apresentaram pré-avisos de
greve e têm em curso iniciativas de esclarecimento e
mobilização dos trabalhadores para a acção nacional,
convocada pela CGTP para 23 de Março, em Lisboa. Nessa
quinta-feira, quando abrem na antiga FIL os trabalhos da Cimeira
extraordinária da União Europeia, terá lugar uma concentração
nos Jerónimos, seguida de desfile até às instalações do
Centro de Congressos, na rua da Junqueira.
As posições do Governo nas negociações salariais da Administração
Pública, que levaram à ruptura na passada sexta-feira,
confirmaram a decisão da Frente Comum de Sindicatos de requerer
a negociação suplementar e «virar todos os seus esforços para
engrossar a acção» de dia 23.
Também foram já entregues pré-avisos de greve para as empresas
do Grupo EDP e para o sector de fabricantes de material
eléctrico e electrónico. As ORTs do Grupo Portucel
divulgaram igualmente uma resolução de apoio à jornada da Inter.