O Governo
contribui para aumentar o descrédito do SNS e lançar o caos nos
serviços
O
último mês
para 15 mil na Saúde
A Federação da Função Pública vai realizar, a
partir de amanhã e durante uma semana, plenários regionais de
trabalhadores contratados, que entrarão em greve no dia 23.
«Sem rei nem
roque», é como a Federação Nacional dos Sindicatos da
Função Pública vê a situação no Ministério da Saúde,
quatro meses depois de empossada a nova equipa e quando existe o
perigo de, no final do mês, serem despedidos 15 mil
funcionários administrativos, muitos dos quais já têm mais de
três anos de exercício de funções. Apesar de estarem com
contratos a prazo, «todos eles prestam trabalho correspondente a
necessidades permanentes dos serviços», afirma a FNSFP/CGTP,
num comunicado de imprensa em que salienta que «à grande
maioria foi ministrada formação profissional, que vai agora ser
desperdiçada».
A federação entende que «não faz sentido, tanto do ponto de
vista humano e financeiro, como do ponto de vista jurídico,
despedir estes trabalhadores», e propõe passos concretos para
resolver o problema. De imediato, devem passar ao regime
de contrato administrativo de provimento os trabalhadores
que têm mais de dois anos de contrato e os que forem completando
esse tempo.
Em seguida, para evitar que a situação se repita, a FNSFP
defende que seja criado um regime próprio de contratação para
a Saúde; este novo regime exigiria o fim do congelamento de
admissões, a dotação do pessoal necessário ao funcionamento
regular dos serviços, a possibilidade de as administrações
poderem contratar efectivos, a restrição da contratação a
termo ou com recibos verdes apenas a funções transitórias ou
de assessoria.
«Caso estas medidas não sejam aplicadas, os serviços serão
lançados no descrédito, estando assim o Governo a contribuir
para aumentar o descrédito do Serviço Nacional de Saúde
provavelmente o verdadeiro objectivo deste despedimento
colectivo», alerta a federação.
No comunicado é ainda apontada a falta de diálogo da equipa de
Manuela Arcanjo, o que não sucedia «desde os ministérios de
Leonor Beleza e Arlindo de Carvalho», bem como «um abandono, a
todos os títulos injustificado», de medidas em desenvolvimento.
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Saem
também
900 enfermeiros
A partir do dia 1 de
Abril, há 900 enfermeiros que poderão ser «absurdamente»
lançados no desemprego, por falta de medidas do Ministério da
Saúde, que desde 1998 não avançou com medidas de fundo, após
a prorrogação transitória dos contratos a termo certo de seis
meses para dois anos. O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses,
que lançou o alerta, mais uma vez, na semana passada, exige uma
reacção imediata do Governo.
Deve ser adoptada, defende do SEP, «uma solução transitória
que impeça o despedimento dos 900 enfermeiros». Tem ainda de
ser elaborado «um diploma que garanta celeridade na admissão e
emprego estável e com direitos».
«Se a carência de enfermeiros é uma realidade, não é menos
verdade que os poucos enfermeiros que anualmente saem das escolas
superiores de Enfermagem são admitidos nas instituições, para
fazer face a necessidades permanentes dos serviços, em vínculo
precário», nota o sindicato.
Agressão
Não são conhecidas quaisquer medidas para aumentar a segurança nos centros de Saúde de Viseu, decorrido quase um mês sobre a «brutal agressão» de um enfermeiro em Mangualde. Numa reunião ali realizada pelo SEP, no dia 1 de Março, os enfermeiros decidiram «radicalizar posições, caso não haja uma decisão satisfatória, em tempo útil». Chamando a atenção para a falta de «condições mínimas de segurança, em particular durante a noite e aos fins-de-semana», exigem medidas concretas e imediatas da Sub-Região de Saúde do distrito, da ARS e do Ministério.