Fenprof toma
posição sobre lei de enquadramento do Sistema de Ensino
Superior
Um
sistema único é mais qualidade
A insistência no sistema binário universidade /
politécnico, é a principal crítica da Fenprof ao anteprojecto
de Proposta de Lei da Organização e Ordenamento do Ensino
Superior.
Numa primeira
avaliação deste anteprojecto de Lei, divulgada em comunicado de
imprensa, a Federação Nacional dos Professores sublinha a
importância da aprovação, na Assembleia da República, de uma
lei de enquadramento do Sistema de Ensino Superior «adequada às
necessidades do seu desenvolvimento e à correcção dos erros e
omissões entretanto verificados, resultantes da continuada
desresponsabilização do Estado e da cedência a interesses
particulares em detrimento do interesse público».
Registando como muito positivas as intenções «e aplicação do
conceito de rede pública do ensino superior, de preocupação
com a promoção de mobilidade e de permeabilidade, e de
fixação de um quadro bastante abrangente de exigências de
qualidade», a Fenprof critica entretanto o facto de a
concretização de orientações essenciais ser remetida para
instrumentos legislativos a aprovar mais tarde. O que, como a
experiência indica, levanta dúvidas quanto à sua
concretização de facto.
Contra um
sistema binário
A insistência num
sistema binário universidade / politécnico é particularmente
criticada pela Federação dos professores.
A Fenprof concorda com a necessidade de diversificação da
oferta de formação inicial de qualidade no ensino superior, que
tenha nomeadamente em consideração as exigências do mercado de
trabalho. Mas considera que tal diversificação não implica a
existência de um sistema binário, «que se vem traduzindo numa
clara diferenciação social, em que o politécnico surge como um
ensino barato, de segunda escolha por parte dos estudantes e em
cujas instituições são raríssimos os casos em que se pratica
investigação».
O professores defendem uma aproximação e mesmo uma integração
dos dois subsistemas e consideram que «se forem respeitadas a
identidade, os objectivos e as capacidades de cada instituição
inserida num mesmo sistema, mais facilmente se reforçarão a sua
qualidade e a sua diferenciação».
A institucionalização de um sistema organizativo único,
facilitaria a concretização de «uma rede de ensino superior
equilibrada e de qualidade, com elevadas sinergias entre as
várias instituições que a compõem, sem que umas se encontrem
desvalorizadas ou subordinadas a outras», sublinha a Fenprof.
Por outro lado, defende a Federação, a partir do momento em que
os politécnicos puderem atribuir mestrados e doutoramentos, não
sendo discriminados em apoios do Estado, a «ambição de ser
universidade» e os «movimentos de criação de novas
universidades» tenderiam a reduzir-se.