Jornadas
europeias terminam hoje
Fim
ao desemprego!
O tema do emprego de qualidade e com direitos juntou desde terça-feira em Lisboa os deputados do Grupo da Esquerda Unitária do Parlamento Europeu
As jornadas de estudo que hoje terminam em Lisboa juntaram além
dos deputados do PCP no PE, dirigentes dos partidos e
organizações que integram o Grupo Confederal da Esquerda
Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica (EUE/EVN).
Participantes da Alemanha, Dinamarca, Espanha, França, Grécia,
Holanda, Itália e Suécia, bem como representantes de
organizações sindicais portuguesas dedicaram dois dias ao
debate das questões ligadas ao emprego e aos direitos dos
trabalhadores.
Os trabalhos iniciaram-se ontem, quarta-feira, com intervenções
de Francis Wurtz, presidente do grupo, e de Carlos Carvalhas,
secretário-geral do PCP. A sessão da manhã foi dedicada ao
tema «As mulheres e o emprego», assinalando-se assim também o
dia Internacional da Mulher.
O debate sobre «O Emprego de qualidade e com direitos» decorreu
na parte da tarde de ontem, sendo encerrado na manhã de hoje,
quinta-feira, estando ainda no programa uma conferência de
imprensa e um encontro dos deputados com o Presidente da
República, Jorge Sampaio.
As jornadas apreciaram uma proposta de declaração conjunta
dirigida à Cimeira Extraordinária de Lisboa, de 23 e 24 de
Março, subordinada ao tema «Emprego, Reformas Económicas e
Coesão Social para uma Europa de inovação e do
conhecimento», que decorrerá no âmbito da presidência
portuguesa da União Europeia.
75% de emprego
até 2010
A proposta de
declaração considera essencial «proclamar a tolerância zero
para o desemprego, os acidentes de trabalho e o dumping social»
e assinala as preocupações reveladas pela Comissão e Conselho
europeus face à permanência de níveis elevados de desemprego,
que atingem em particular as mulheres e os jovens.
No entanto, refere-se que as políticas de emprego e a coesão
económica e social foram subordinadas às políticas financeiras
da UE decorrentes do Pacto de Estabilidade, do cumprimento dos
critérios de convergência nominal e do funcionamento do Banco
Central Europeu. Em consequência foram enfraquecidas as
políticas sociais, aumento a precaridade do trabalho,
deterioraram-se as condições de vida e de trabalho.
Como propostas, o documento recomenda a adopção de políticas
macro-económicas de desenvolvimento sustentado, que respeitem o
ambiente e tenham como objectivo atingir o pleno emprego nos
próximos anos. Do actual nível de 61 por cento de emprego
propõe-se como meta alcançar pelo menos 75 por cento em 2010, e
acabar com o desemprego de longa duração até 2005.
Os empregos, de qualidade e com direitos, podem ser criados
através da dinamização da procura pelo reforço do poder de
compra da população, do aumento dos salários e das pensões e
reformas e do relançamento de investimentos públicos. Para tudo
isto seja possível, sublinha o projecto de declaração, «é
essencial pôr fim ao Pacto de Estabilidade e às políticas que
lhe estão associadas».
Retoma
económica
não criou empregos
A actual taxa
europeia de desemprego, de 9.9 por cento, mostra que as
políticas de emprego fracassaram nos países da União, onde nem
mesmo num contexto de crescimento económica foi possível criar
emprego. Outros dados mostram que, em alguns casos, se registou
um agravamento da situação, designadamente no que respeita ao
desemprego de muito longa duração. De facto, o número de
pessoas à procura de emprego há mais de dois anos e meio
aumentou entre 1994 e 1998, passando de 26,5% do total de
desempregados para 31,5%.
As causas desta situação estão determinadas. Sob o pretexto do
aumento da produtividade e da competitividade, as recentes
fusões e concentrações de empresas e grupos económicos
internacionais nas áreas financeira, industrial e de serviços
tem-se saldado pelo aumento das pressões sobre os trabalhadores,
despedimentos e redução de postos de trabalho.
Em simultâneo, no quadro da liberalização financeira e da
desregulamentação, os lucros não cessam de crescer. O combate
às causas do desemprego, da precariedade e da pobreza terá de
passar pela ruptura com as políticas ultraliberais e pela
construção de uma Europa social, solidária e democrática que
responda às aspirações dos cidadãos e tenha em conta as
reivindicações dos trabalhadores e das suas organizações de
classe.