O PCP já interrogou a Comissão Europeia sobre as razões da retirada dos dois milhões de euros de apoios comunitários à região Autónoma da Madeira
Redução injustificada
Em Novembro de 1999, o PCP interrogou a Comissão sobre as razões da redução das verbas do Programa POSEIMA destinadas à Madeira. Agora os deputados comunistas contestam a resposta dada.
Na deslocação que
fez à Madeira no final do passado mês, a eurodeputada do PCP,
Ilda Figueiredo, considerou injustificadas as razões evocadas
pelo Comissário Franz Fischler para diminuir os montantes
destinados àquela região autónoma no âmbito do programa
POSEIMA.
Segundo declarou a deputada, em entrevista ao Diário de
Notícias/Madeira, o Comissário alegou que a Região em anos
anteriores terá tido uma realização do POSEIMA abaixo do que
estava orçamentado. No entanto, Ilda Figueiredo contesta este
argumento afirmando que a Comissão não pode usar «percentagens
de anos anteriores para justificar cortes no presente e no
futuro. Isto vai ter implicações para a população que,
provavelmente vai passar a pagar mais caro alguns produtos»,
disse.
Por isso, o PCP vai exigir que a Comissão «reveja esta
situação e que no próximo ano não parta deste princípio,
até porque tanto quanto nos é possível averiguar pelos dados
provisórios fornecidos», em 1998/99, «já se terá verificado
um aumento da utilização das verbas orçamentadas superior,
nalguns casos, ao orçamentado», salientou a deputada que
considerou «inadmissível» a utilização de tal argumento para
o corte de dois milhões de euros.
Na sua visita à Madeira, Ilda Figueiredo abordou as questões da
agricultura e da pesca, defendendo nos encontros em que
participou, a adopção de medidas especiais e apoios
específicos de forma a garantir a rentabilidade das
explorações, na sua maioria de pequena dimensão.
A visita ao Caniçal, localidade piscatória, que tinha sido
prometida durante a pré-campanha da CDU para as eleições
europeias, foi dedicada aos problemas com que se defronta a
comunidade de pescadores e armadores.
A deputada sustentou que enquanto a União Europeia não avançar
com os apoios já propostos pelo PCP, deverá caber ao governo
central e regional o pagamento de compensações às pessoas que
mais sofrem com a crise do sector. Recorde-se que a crise que
afecta em particular a pesca dos tunídeos está provocar grandes
dificuldades em numerosas famílias que se viram privadas da sua
principal e em muitos casos única fonte de rendimentos.
Propostas
rejeitadas
Entretanto, o PCP apresentou várias propostas de alteração ao
relatório Katiforis sobre «Gestão haliêutica e
preservação do meio marinho», com o objectivo de introduzir
medidas compensatórias para quem vive da pesca, bem como apoios
sociais e económicos para os pescadores em situação adversa,
de forma a garantir rendimento a estes trabalhadores
designadamente em épocas de paralisação ou redução da
actividade ao nível da política comum de pescas.
Em relação à preservação da natureza no meio marinho, o PCP
considera que «é possível compatibilizar uma política de
gestão de pescas baseada na conservação do ambiente marinho
com os interesses das comunidades piscatórias. Mas para isso é
necessário ter em conta, igualmente, que existe um correlação
entre o rendimento da actividade piscatória e o aumento do
esforço de pesca».
Concordando que a actividade piscatória é uma das mais
interessadas em fomentar o respeito pelo meio marinho, o PCP nota
que entre as causas que mais contribuem a degradação dos
espaços marinho se contam a contaminação e poluição por
petroleiros e outros transportes marítimos, a actividade
industrial, a pressão da actividade humana sobre as faixas
costeiras e, naturalmente, a actividade pesqueira incontrolada.